sábado, 19 de novembro de 2011

Curiosidades III

A Música na Grécia Antiga
autor desconhecido 

A Grécia era o berço da cultura e da civilização ocidental, embora, os gregos tenham sido muito influenciados pelos egípcios e por todo o Oriente.
A palavra música vem do grego e significa "arte das musas", que, na mitologia grega representavam seres celestiais, divindades que inspiravam as artes e as ciências. Segundo a mitologia grega, os seres celestiais eram nove, são eles:
  1. CALÍOPE - da poesia épica.
  2. CLIO - da história.
  3. ERATO - da poesia amorosa.
  4. EUTERPE - da poesia lírica e da música, chamada a "que dá prazer" e representada com a flauta dupla - diaulo.
  5. MELPÔMENE - da tragédia.
  6. POLÍNIA - dos hinos sacros.
  7. TÁLIA - da comédia.
  8. TERPSICHÔRE ou TERPSICHORE - da dança e do canto coral, chamada "a bailarina" e representada com a lira e o plectro.
  9. URÂNIA - da astronomia.
Existem três lendas sobre a origem da lira. A primeira lenda diz que num determinado dia, o nobre e belo deus Apolo passeava pela praia, quando deu com o pé no casco de uma tartaruga que estava com as tripas secas e esticadas. Apolo percebeu, então, que fazendo vibrar as tripas, produzia-se som, originando assim a lira grega. A segunda lenda nos diz que Apolo atou algumas cordas de tripa aos chifres de um boi e, desta forma, ter-se-ia originado a lira. Efetivamente havia liras em forma de chifres de boi. A terceira lenda nos conta que, Apolo, saiu um dia para caçar junto de sua irmã Diana e, notou que toda vez que sua irmã atirava com seu arco, a flecha ao ser solta, produzia sons. Por isso, Apolo teria pensado em fazer instrumentos de cordas.
Orfeu, filho de Apolo, era deus da música e da poesia e, segundo a lenda, quando tocava sua lira, encantava até os animais. Do nome Orfeu deriva-se a palavra "orfeão".
O filósofo Pitágoras (século VI -V a.C.) descobriu a relação matemática dos principais intervalos da escala musical: a oitava, expressão pela relação 2:1, a quinta, expressão pela relação 3:2, a quarta, expressão pela relação 4:3, bem como a do tom maior, expressão pela relação 9:8, que exprimiria a diferença entre a quinta e a quarta.
Aristóxeno (nascido entre 375 a 360 a.C. em Tarento), outro filósofo, discípulo de Aristóteles, é considerado o maior teórico da antiguidade helênica; escreveu tratados sobre elementos da harmonia e do ritmo.
Assim, percebemos que as referências sobre a arte musical grega são encontradas na mitologia, em relíquias, tratados teóricos, obras filosóficas e memórias históricas.
Constata-se que a música estava presente na Grécia em todas as manifestações da vida pública, tais como festas religiosas ou profanas, jogos esportivos, teatros, funerais, e até em guerras.

Curiosidades II

http://www.ipv.pt/millenium/esf_5mjf.htm


Embora maior parte da sua vida decorra no século XV, Leonardo (1452-1519) é, contudo, homem típico do Renascimento, pela genialidade dos projectos em que se empenhou, pela diversidade das suas áreas de interesse, pela sua personalidade multifacetada. Esta caracteriza-se pela inquietude e irrequietude que o levam a mudar continuamente de projectos (tantos e diversos são os seus interesses e a sua ânsia do novo), a deixá-los inacabados, e, enfim,, pela sua exigência, senão mesmo obsessão, de perfeição.
Leonardo da Vinci é, sobretudo, um homem radicalmente interessado em todos os campos do saber e do conhecimento. E se fundamentalmente é conhecido como pintor - um dos maiores pintores de todos os tempos - e, por isso, tem um lugar garantido e de destaque numa história de arte - é igualmente verdade que, neste campo, também se dedicou à escultura (embora todas as suas obras de escultura se tenham perdido) e à arquitectura.
Igualmente se interessou pela engenharia, designadamente pela engenharia militar, campo no qual inventa uma enorme quantidade de maquinaria, desde as famosa máquinas voadoras, cujos desenhos todos conhecemos, aos carros de assalto e aos submersíveis.
A sua obra científica é espantosa e imensa. Faz estudos de matemática, de física - sobretudo nas áreas da hidráulica e da óptica - e de anatomia, cujos desenhos são famosos e revelam conhecimentos com um século de avanço. Ainda hoje, as suas notas, desenhos e ilustrações nestes domínios podem ser consultados no chamado Codex Atlanticus na Biblioteca Ambrosiana de Milão (1).
O seu interesse vital parece Ter sido, portanto, a investigação científica. Por esta diversificação de áreas de interesse e pela sua genialidade em todas elas, Leonardo transcende em muito os limites de uma história da arte para poder ser considerado uma figura pertencente à história da cultura, à história do espírito humano e das suas realizações ou, pelo menos, das suas ambições.

2. LEONARDO E O SEU TEMPO
"Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo..."
(Alberto Caeiro)
"Porque conhecer é como nunca Ter visto pela primeira vez,
E nunca Ter visto pela primeira vez é só Ter ouvido contar"
(Alberto Caeiro)

Leonardo vive um tempo histórico que sem define a si mesmo como um tempo de Renascimento. E entende Renascimento, no seu significado literal, como re-nascença do homem, nascimento, outra vez, do homem,, de um homem novo e renovado (por oposição ao homem medieval). Nascimento ou, mais precisamente, re-nascimento do homem para o homem, para uma vida autenticamente humana, porque fundada naquilo que o homem tem de mais seu: as artes, a instrução, a investigação, e que fazem dele um ser diferente de todos os outros. Enfim, regresso do homem a si mesmo, regresso do homem à sua dimensão humana. Para que o homem se possa reencontrar a si mesmo como homem, o renascimento aponta como caminho o "regresso às origens", o "regresso às fontes". As fontes originais encontram-se na Antiguidade Clássica e nas suas produções culturais. O que devia renascer eram, portanto, a arte e a cultura clássicas e, através delas, o homem.
A Idade Média aparece, aos olhos dos renascentistas, apenas como "uma longa noite de mil anos", uma época de trevas e de obscurantismo, um tempo em que o homem, totalmente esquecido de si, morre para fazer viver Deus e, por isso, uma época a esquecer, um interregno na vida do homem - eis porque lhe chamaram Idade Média, isto é, uma idade que medeia, que está entre parêntesis e que é um parêntesis na vida e na história do homem, época de sono em que o homem adormeceu. Após a longa Idade Média trata-se, agora, de re-acordar o homem, de re-começar a partir do ponto em que a vida foi interrompida pelo sono, de re-nascer. E esse ponto original, brutalmente interrompido pela medievalidade, essas fontes esquecidas, encontram-se na clara luminosidade da época clássica, na Antiguidade grega e latina, sobretudo nos textos que produziu. Conhecer em primeira mão os textos clássicos e os autores clássicos, ler, no original, - em grego e em latim - os textos que esses autores escreveram, beber a cultura original. Exige-se, pois, uma leitura directa dos grandes autores clássicos, recusando os processos medievais do conhecimento através de comentários e de comentários de comentários... E eis o traço mais característico do Renascimento: o Humanismo.
O humanismo renascentista é também um humanismo muito mais individualista que o da época clássica. Não somos apenas homens, com algo comum a todos os homens, somos também indivíduos, com algo único. Esta ideia deu origem, no Renascimento, a uma veneração do génio . O ideal de homem, e todas as épocas o têm, é precisamente aquilo a que hoje chamamos o homem renascentista , isto é, um homem que se ocupa e se interessa por todos os domínios da vida, da arte e da ciência, um homem a que nada do que é humano pode ser alheio. E, neste aspecto, Leonardo da Vinci, é o homem típico do Renascimento porque, mais que em nenhuma outra personalidade, nele se realiza esse ideal.
O Humanismo, considerado como o traço dominante do Renascimento, permite caracterizar esta época como uma época de antropocentrismo - por oposição ao teocentrismo medieval. Mas a tese central do humanismo encontra-se na ideia pedagógica de que o estudo das disciplinas humanísticas - gramática, retórica, dialéctica - (aquilo a que se veio a chamar trivium e constituía o cerne das Artes Liberais), aquelas que,, segundo os clássicos, proporcionavam uma formação humanistíca, porque só elas desenvolviam o homem nas suas qualidades mais intrinsecamente humanas, eram imprescindíveis para formar o homem. Isto é, o homem não nasce simplesmente homem, ele forma-se como homem precisamente pelo conhecimento daquilo que o próprio homem produz e reconhece como produção própria sua, como produção mais especificamente humana: as letras, as humanae literae ou studia humanitatis ( que só elas autenticamente espelham o homem ) e que são distintos dos estudos teológicos. Por isso só a educação constrói e forma o homem como homem. A herança clássica revisitada era, pois, instrumento de educação, isto é, de formação humana; claro retorno ao ideal grego de Paideia, que os latinos tão bem traduziram por humanitas. Por isso, o Humanismo é, essencialmente, uma revolução pedagógica.
O regresso às origens a que se apela, entendido desta forma, traz consigo a exigência filológica, tão característica dos humanistas, obrigando a um estudo rigoroso dos textos originais, que visava, antes de mais, estabelecer o sentido autêntico desses textos.
O Renascimento e o Humanismo trouxeram, pois, uma nova concepção de homem, onde pontifica a confiança no seu poder e no seu valor, em contraste com a Idade Média, que apenas considerara o homem como ser decaído e originalmente pecaminoso. São eco desta nova concepção de homem Marcilio Ficino ou Picco della Mirandola que escreve a oração "Da dignidade do homem" (Oratio de Hominis Dignitate). Esta oração constituía o discurso inaugural com que Pico della Mirandola abriria o "congresso" de todos os grandes sábios, a realizar em Roma, por ele organizado, mas que não chegou a Ter lugar devido à condenação das suas teses. Este discurso é, de qualquer forma, um dos mais belos hinos que jamais se escreveram em glória do homem, do seu poder, da confiança em si próprio. " Não te dei, Adão, nem um lugar determinado, nem um aspecto próprio, nem qualquer prerrogativa especificamente tua, para que o lugar, o aspecto e a prerrogativa que desejares os obtenhas e conserves segundo a tua vontade e o teu parecer. A natureza limitada dos outros está contida dentro de leis por mim prescritas. A tua determiná-la-ás tu, sem ser constrangido por nenhuma barreira, de acordo com o teu arbítrio, a cujo poder te submeterás. Coloquei-te no meio do mundo, para que de lá melhor descubras o que há no mundo. Não te fiz celeste nem terreno, mortal nem imortal, para que por ti próprio, como livre e soberano artífice, te plasmes e te esculpas na forma que previamente escolheres. Poderás degenerar nas coisas inferiores que são rudes; poderás, segundo a tua vontade, regenerar-te nas coisas superiores que são divinas." (Picco della Mirandola cit. Por ANDRÉ, 1987-25). Trata-se de um discurso, metaforicamente dirigido por Deus ao homem, no qual o homem claramente aparece como criador do seu próprio destino. " Ao homem, Deus concedeu esta condição paradoxal: a de não Ter condição; este limite: o de não Ter limite; esta clausura: a de estar aberto a tudo; este absurdo contraditório: o de ser posto como autopondo-se a si próprio " (Garin cit. Por ANDRÉ, 1987:25-26). E daqui conclui João Maria André " ora é precisamente aqui que radica a tragicidade do homem renascentista: ao rebelar-se contra Deus, o homem constitui-se como homem mas como homem se perde; em contrapartida, a unir-se a Deus, salva-se o homem, é certo, mas como homem se aniquila. É, assim, no Renascimento que Fausto verdadeiramente começa." (ANDRÉ, 1987:26).
A nova imagem do homem leva também a uma concepção totalmente nova da vida. O homem não existia apenas em função de Deus, mas também, , e sobretudo, em função de si próprio. O homem tinha possibilidades ilimitadas, porque era livre!
Nova concepção de homem, nova concepção de vida e, claro, uma nova concepção de mundo e de natureza (2). Viver já não era apenas uma preparação para a vida extra-terrena, viver valia por si mesmo. O mundo não era uma passagem para um outro mundo, mas adquire um valor intrínseco. Deus não era exterior à natureza mas estava presente na sua criação e esta era manifestação Sua. Para alguns, Deus era a própria natureza - Panteísmo. Numa outra concepção, que também vigora do renascimento, Deus criara o mundo e dotara-o de autonomia. Logo, o mundo tinha leis próprias, era independente do seu criador e valia por si mesmo. Outras características desta cosmovisão são a naturalização do mundo e da natureza, como entidades já não divinas, mas naturais , não sobrenaturais mas possuidores de naturalidade , de valor mundano e secular. Descobre-se, ainda, a historicidade, a dimensão temporal e histórica do mundo e do homem. E o homem, ser terreno e mundano, ser natural e histórico, inserido no mundo da natureza e da história, é capaz de neles forjar o seu próprio destino. Porque ser mundano e natural, assistimos à revalorização do corpo. Porque ser autónomo, há revalorização da razão, entendida a gora como a capacidade natural do homem que lhe possibilita pensar por si mesmo e conduzir-se a si mesmo, contrariamente ao homem medieval, guiado pela fé, pela Igreja, pela Autoridade, fosse ela quem fosse.
Naturalidade do homem e do mundo, confiança na razão, permitem ao homem do renascimento considerar que pode conhecer a natureza com as forças da sua própria razão. O resultado último do naturalismo do renascimento é, pois, a ciência.

3. A FILOSOFIA NO TEMPO DO RENASCIMENTO E DO HUMANISMO - BREVE NOTA OU A FILOSOFIA NO TEMPO DE LEONARDO

" Eu não tenho filosofia: tenho sentidos "
( Alberto Caeiro )

Da crise da Escolástica até aos começos do século XVII, a Filosofia Ocidental não nos oferece grandes produtos originais de relevo. O que não é de espantar pois que se vive um tempo em que germinam e fervilham muitas ideias que não têm oportunidade de maturar e muito menos de se organizar e sistematizar. Aliás, tratava-se, antes de mais, de se libertar das concepções e da mentalidade medievais, , refrescando-se com a leitura dos autores clássicos. Por isso, se considera vulgarmente que os humanistas são filólogos, mais que filósofos. Existe também desconfiança face a tudo o que é abstracto, demasiado especulativo, desligado da fecundidade da experiência. Para além disso, considerava-se que a Idade Média nada tinha produzido em temos de autênticos e efectivos conhecimentos, tendo-se limitado a comentar, sem originalidade, o pensamento dos autores antigos que, ainda por cima, eram conhecidos, não a partir da leitura directa dos textos, mas através dos comentários que alguns autores medievais tinham feito a esses textos, designadamente Boécio. A alta Idade Média conhece o Platonismo, mas em Segunda mão. E a tentativa dos pensadores medievais consiste em adaptar o Platonismo ao Cristianismo, cristianizar Platão, ajustando-o à nova concepção cristã. E, indubitavelmente, a síntese augustiniana é a mais conseguida. A Segunda metade da Idade Média conhece Aristóteles através de Avicena e Averróis. Trata-se agora, na baixa Idade Média, de encontrar a síntese entre o Aristotelismo e o Cristianismo e a mais conseguida encontra-se na Sumae Theologica de S. Tomás de Aquino. Dito de outro modo, a grande ambição da filosofia medieval tinha sido a de conciliar a filosofia com a religião cristã, conciliar a razão e a fé, conciliar as verdades da razão (filosóficas) com as verdades da fé (os dogmas do cristianismo). Ou seja, em termos de conhecimentos efectivos a Idade Média nada tinha avançado, até porque todo o esforço que fez de "cristianizar os autores antigos" foi imperfeito, limitado, artificial. E inútil, pois que se tentou conciliar o inconciliável. Para além disso, a reflexão medieval, mais que filosófica, é predominantemente teológica. No fundo, não se tratou de uma filosofia autêntica, mas de uma não-filosofia, já que a fé se sobrepunha sempre à razão. A fé impunha os temas, a fé guiava a razão no seu trabalho, a fé antecipava verdades a que a razão sozinha nunca poderia chegar, sempre que houvesse contradição entre a fé e a razão, a verdade estava, evidentemente, do lado da fé. Por isso, o Renascimento separará filosofia e Teologia, razão e fé, o homem e Deus. Reconhecendo embora a transcendência divina, os renascentistas consideram que a razão não é o instrumento adequado para conhecer Deus, e que, porventura, Deus é incognoscível (o Renascimento defenderá, por isso, a tolerância religiosa) e, assim, abrem caminho à dessacralização do mundo e do homem. Laicização e secularização são atitudes que permitem compreender o mundo como mundo (na sua naturalidade) e o homem como um homem (na sua humanidade), reivindicando uma autonomia da razão humana que a Idade Média negara. E mudo e homem só se podem compreender se se situarem historicamente. A descoberta da historicidade ou da perspectiva histórica é outro traço essencial do Renascimento. "A descoberta da perspectiva histórica está para o tempo como a descoberta da perspectiva visual, conseguida pela pintura do Renascimento, está para o espaço: consiste na possibilidade de nos apercebermos da distância que vai de um objecto a outro e de qualquer deles ao observador. É, por consequência, a possibilidade de o entendermos na sua real localização, na sua diferença relativamente aos demais e na sua individualidade autêntica." (ABBAGNANO, 1984, vol.V:12) Esta atitude de historicismo, que é vontade de conhecer o passado como passado e por aquilo que ele foi, tem também em vista o que o passado pode ensinar na resolução dos problemas do presente. É nesta base que Nicolau Maquiavel (1469-1527) escreve uma das grandes obras de Filosofia Política, O Príncipe (3), e com ela funda a moderna "ciência política" como ciência autónoma.
Tudo isto não significa, todavia, que não tenha havido filosofia no renascimento. Contudo, o grande esforço é o de captar o significado genuíno e autêntico dos textos dos grandes autores clássicos - neste caso, Platão e Aristóteles - libertando-os das deformações que tinham sofrido durante a Idade Média. Antes de mais, a filosofia começa por ser um esforço de exegese filológica e um trabalho de interpretação literal. Esta tarefa hermenêutica é, por modos diferentes, aquela que se propuseram os filósofos, de raiz platónica, do Renascimento: Nicolau de Cusa (1401-1464), Marcílio Ficino (1433-1499) e Picco della Mirandola (1463-1494).
Quanto aos aristotélicos , e o maior deles é Pomponazzi, eles vêem em Aristóteles sobretudo o filósofo da natureza e, no regresso a Aristóteles, a possibilidade de renovar a investigação do mundo natural.

4. LEONARDO E AS ORIGENS DA NOVA CIÊNCIA EXPERIMENTAL

"Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura ...
(...)
...porque a nossa única riqueza é ver."
(Alberto Caeiro)

O regresso à natureza e o naturalismo vão permitir o nascimento de uma nova ciência. A possibilidade do aparecimento das novas ciências da natureza radica, ainda, na liberdade de investigação e na autonomia da razão, tão reivindicadas pelos renascentistas. Pode-se conhecer a natureza e proceder à sua investigação e observação directas. A investigação científica é uma investigação baseada na observação e na experiência, tal como o mostram os trabalhos de Galileu e as intuições de Leonardo. Recurso à experiência sensível, interrogando a própria natureza e obrigando-a a responder. De facto, os novos processos de investigação da natureza apresentam-se como um diálogo do homem com a natureza, só assim sendo possível chegar a uma explicação natural dos fenómenos naturais, a uma explicação da natureza pela natureza, ficando garantida a objectividade dessa explicação.
A este propósito, escreve Leonardo (4) "Le peintre discute et rivalise avec la nature" (DA VINCI, 1987:112) ou "La nécessité oblige l'esprit du peintre à se mettre à la place de l'esprit même de la nature, et à faire l'interprète entre la nature et l'art; il recourt à cell-ci pour dégager les raisons de ses démarches assujetties à ses propres lois." (DA VINCI, 1987:117)
O Renascimento cria, portanto, as condições necessárias ao desenvolvimento de uma investigação experimental da natureza. Assim, a autonomia do mundo natural face ao homem e a Deus é um pressuposto da atitude experimental. Igualmente, a autonomia do homem face a Deus e à natureza é outro pressuposto, correlativo do anterior pois que, sendo autónomo relativamente a Deus, o homem confia apenas nas suas próprias capacidades, na sua experiência e na sua razão como únicos instrumentos de conhecimento, e, sendo autónomo relativamente à natureza, isso significa que o homem a pode olhar e conhecer com objectividade.
Esta nova concepção de ciência e a nova concepção de mundo que ela instaura foram sendo laboriosamente construídas por Giordano Bruno (o universo é infinito), Copérnico (heliocentrismo), Kepler (órbitas dos planetas) e Galileu (lei da inércia). E esta concepção é a antítese da concepção anterior, de raiz aristotélico-medieval. O mundo não é finito e acabado, mas infinito e aberto. A ordem do mundo não é final, mas causal. O conhecimento do mundo não é fixo, imutável e concluído, mas apenas o resultado de renovadas tentativas sempre submetidas à verificação experimental. E o instrumento desse conhecimento não é uma razão supra-sensível e infalível, mas poderes naturais, falíveis e corrigíveis , a razão e a experiência. O novo método científico, baseado na observação, na experiência e na experimentação, não é outra coisa senão esse mesmo diálogo entre a razão e a experiência.
Enfim, o resultado privilegiado do naturalismo renascentista é a ciência. E a nova ciência apaga todos os pressupostos teológicos, metafísicos, animistas e teológicos em que assentava a "ciência" anterior. Doravante, a natureza é pura objectividade mensurável. "A natureza esta escrita em caracteres matemáticos", afirmará Galileu. "Ne lise pas mês principes Qui n'est pas mathématicien", dirá Leonardo.
Leonardo da Vinci, com as suas intuições antecipadoras, considerou a arte e a ciência como tendo a mesma finalidade: o conhecimento da natureza. A função da pintura é a de representar aos nossos sentidos as coisas naturais. "Quién reprueba la pintura, la naturaleza reprueba, porque las obra del pintor representan las obras de esa misma naturaleza..." e "Si tú menospreciares la pintura, sola imitadora de todas las obras visibles de la naturaleza, de cierto que despreciarías una sutil invención que, con filosofía y sutil especulación, considera las qualidades todas de las formas (...) Esta és, sin duda, ciência ey legítima hija de la naturaleza, que la parió (...) pues todas las cosas visibles han sido paridas por la naturaleza y de ellas nació la pintura" (DA VINCI, 1993:42) Por isso, a pintura trata das superfícies, das cores, das figuras. (cf. DA VINCI, 1993:n. 1-7) Arte e Ciência, ambas assentam nos dois pilares de todo o conhecimento verdadeiro da natureza: a experiência sensível e o cálculo matemático racional. "Critiquer la certitude absolue des mathématiques, c'est se repaître de confusion et sôter le moyen de réduire les contradictions des sciences sophistiquées, dont on ne tire éternellement que du bruit." (DA VINCI, 1987:73)
Leonardo exclui, ainda, da investigação científica toda a autoridade e toda a especulação que não tenha o seu fundamento na experiência. "Muchos juzgarán razonable depreciarme, alegando que mis pruebas son contrarias à la autoridade de unos pocos hombres muy reverenciados, mas de inexperto juicio, sin tener en cuenta Qui mis trabajos nacem de la mera experiencia, Qui es maestra verdadeira." (DA VINCI, 1987:95) É, portanto, evidente, em Leonardo, o vínculo entre arte e ciência: ambas são instrumentos de investigação da natureza. Mais ainda, de todas as artes, a pintura é a mais sublime. Ela é ciência, "la science divine de la peinture." (DA VINCI, 1987:87) Se comparada à poesia ou à música "la peinture est une poésie muette et la poésie une peinture aveugle" (DA VINCI, 1987:90) ou "a pintura é poesia que se vê e não se ouve e a poesia é pintura que se ouve mas não se vê" (Cf. DA VINCI , 1993:54). Mas, mais que o ouvido, o olho é o nosso órgão mais precioso, "il sert de fenêtre au corps humain". (DA VINCI, 1987:89 E Cf.90) E Leonardo não se cansa de priveligiar o olho sobre todos os outros órgãos dos sentidos: "Il n'y a certainement personne qui ne préférerait perdre l'ouïe et l'odorat que la vue", "C'est pêcher contre la nature que de vouloir confier à l'oreille ce Qui doit être confié à la vue; il faut y placer l'office de la musique et non la science de la peinture..." (DA VINCI, 1987:90) "Car perdre la vue, c'est être privé de la beauté de l'univers et ressembler à un homme enfermé vivant dans une sépulture..." (DA VINCI, 1987:89) Enfim, para Leonardo, poesia e música são irmãs menores da pintura. (Cf. DA VINCI, 1987:96)
Quanto à escultura, "la sculpture et un discours plus simple et demande moins d'efforts à l'esprit que la peinture" (DA VINCI, 1987:104) bem como "a escultura é um trabalho menos intelectual que a pintura e escapam-se-lhe muitos aspectos da natureza" (Cf. DA VINCI, 1987:98) Leonardo, praticando quer uma quer outra das artes, considera-se, portanto, em condições de decidir qual das duas é "a mais intelectual, a mais difícil e a mais perfeita." E Leonardo opta, sem hesitações, pela pintura. Aliás, para ele, "a escultura não é ciência, mas sim arte mui meccânica." (Cf. DA VINCI, 1993:72) Os múltiplos estudos e desenhos que Leonardo ensaia antes de proceder à realização de uma obra pictórica, são bem o exemplo desta sua convicção.
Porque é pintor e porque a pintura é, a seus olhos, uma ciência, e uma ciência que se funda na matemática e na geometria, inscreve-se, Leonardo, neste movimento que culminará na constituição da chamada ciência moderna.
De facto, para Leonardo, a experiência e a matemática revelam a natureza na sua verdade e na sua objectividade, porque tudo na natureza é ratio, razão, proporção. Parafraseando Platão, escreve "não leia os meus princípios [os princípios da pintura] quem não seja matemático." (Cf. DA VINCI, 1987:112) A natureza é, pois, matemática "Aucune recherche humaine ne peut s'appeler véritablement scientifique, si elle n'est soumise aux démonstrations mathématiques." (DA VINCI, 1987:87) E é esta certeza que leva Leonardo a interessar-se pela mecânica e a estabelecer os seus princípios. "Ele pôde assim chegar a formular a lei da inércia, o princípio da reciprocidade da acção e da reacção, o teorema do paralelograma das forças, o da velocidade e outros conceitos fundamentais da mecânica que deviam encontrar em Galileu a sua forma definitiva.
A mole imensa dos seus manuscritos contém uma soma de intuições felizes, de descobertas, de sinais percursores nos campos mais díspares da ciência, da anatomia à pateontologia, e testemunham a perseverança com que Leonardo prosseguiu no estudo da natureza (...) com o intuito de a reduzir à objectividade empírica e à necessidade matemática." (ABBAGNANO, 1982, vol.VI:9)
Enfim, parece-nos ser possível concluir que "o delineamento de uma moderna mentalidade científico-experimental no estudo da natureza" fez-se com Leonardo e Copérnico, na medida em que lançaram "as bases da ciência natural moderna, que tem por fundamento a experiência sensível e procede pela via das hipóteses elaboradas matematicamente, reconhecendo na natureza uma ordem mensurável precisa e uma perfeita necessidade." (ABBAGNANO, 1981:314)

BIBLIOGRAFIA
ABBAGNANO, Nicola, (1984) História da Filosofia, 3ª ed., vol V e VI, Lisboa, Editorial Presença
ABBAGNANO, N. e VISALBERGHI, ª, (1981) História da Pedagogia, vol.II, Lisboa, Livros Horizonte, (col. Horizonte Pedagógico)
ANDRÉ, João Maria, (1987) Renascimento e Modernidade. Do poder da magia à magia do poder, Coimbra, Livraria Minerva
DA VINCI, Leonardo, (1987) Traité de la peinture, Paris, Éditions Berger-Leyrault, (trad. André Chastel)
DA VINCI, L., (1993) Tratado de Pintura, 2º ed., Madrid, Ed, Akal, (trad, Angel González García)
VÉDRINE, Hélène, (s.d.) As Filosofias do Renascimento, Lisboa, Publicações Europa-América, (col. Saber, 77)

Curiosidades

Um músico e técnico de computadores italiano disse haver descoberto notas musicais codificadas na obra "A última ceia" de Leonardo Da Vinci, o que indicaria que o gênio renascentista poderia ter deixado uma obra musical de tom sombrio que acompanharia seu mural do século XVI. "Parece um requiém", disse Giovanni María Pala. "é como uma pista musical que enfatiza a paixão de Jesus".[BR]Pintada de 1494 a 1498 na igreja de Santa María de Gracia, em Milão, a obra mostra um momento determinante do Evangélio, a última cena de Jesus com os 12 apóstolos antes de sua prisão e crucificação, apresentando de maneira viva a reação dos seguidores de Cristo quando são informados que um deles o trairá. Em um livro lançado sexta-feiram na Itália, Pala explica como interpretou os elementos da pintura que têm um valor simbólico na teologia cristã. Primeiro se deu conta de que desenhando um pentagrama na pintura, tanto as fogaças de pão na mesa como as mãos de Jesus e dos apóstolos poderiam representar notas musicais.[BR]Em seu livro "LA Música Celata" (A Música Oculta), Pala descreve também como encontrou várias pistas sobre o ritmo lento da composição e a duração de cada nota. O resultado, diz Pala, é um "Hino a Deus" de 40 segundos que soaria melhor em um órgão, o instrumento mais comum para a música religiosa na epóca de Leonardo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Violao.org

Violao.org
Nunca vi na net site mais legal!!!!
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Reflexões...

Lendo o conteúdo do blog percebi que caminhei mais pela História que pela Música.Não sendo esse meu objetivo inicial.Talvez , a necessidade de ilustrar a referência histórico-geográfica das músicas tenham desequilibrado a minha intenção.Parece que a música ficou em segundo plano.Mas, sendo trilha sonora não se desmerece a qualidade ou a importância.Quero que o cenário seja apenas referência e não artigo principal.Assim vou agora focar minhas pesquisas no períodos musicais-artísticos de forma mais profunda e visceral.

Divulgando!

VIOESP - ASSOCIAÇÃO DE VIOLONISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

É como satisfação que, em meu nome e dos que estão trabalhando comigo nesse projeto, apresento a todos vocês a VIOESP – Associação de Violonistas do Estado de São Paulo. Com objetivo de trabalhar em prol do desenvolvimento do violão por meio de ações artísticas, educativas e sociais, desejamos finalmente suprir a antiga necessidade paulista de possuir sua própria associação.





Texto retirado do Facebook e de autoria de Amadeu Rosa.

Concerto Pedagógico - Tema 5


Música moderna

A história da música no século XX constitui uma série de tentativas e experiências que levaram a uma série de novas tendências, técnicas e, em certos casos, também a criação de novos sons, tudo contribuindo para que seja um dos períodos mais empolgantes da história da música.

Enquanto a música nos períodos anteriores podia ser identificada por um único e mesmo estilo, comum a todos os compositores da época, no século XX ela se mostra como uma mistura complexa de muitas tendências. A maioria das tendências compartilham uma coisa em comum: uma reação contra o estilo romântico do século XIX. Tal fato fez com que certos críticos descrevessem a música do século XX com "anti-romântica". Dentre as tendências e técnicas de composição mais importantes da música do século XX encontram-se:

Impressionismo
Nacionalismo do Séc. XX
Expressionismo
Música Concreta
Serialismo
Música Eletrônica
Influências do Jazz
Neoclassicismo
Música Aleatória
Atonalidade


No entanto, se investigarmos melhor estas composições, encontraremos uma série de características ou marcas de estilo que permitem definir uma peça como sendo do século XX. Por exemplo:

Melodias: São curtas e fragmentadas, angulosas, em lugar das longas sonoridades românticas. Em algumas peças, a melodia pode ser inexistente.

Ritmos: Vigorosos e dinâmicos, com amplo emprego dos sincopados; métricas inusitadas, como compassos de cinco e sete tempos; mudança de métrica de um compasso para outro, uso de vários ritmos diferentes ao mesmo tempo.

Timbres: A maior preocupação com os timbres leva a inclusão de sons estranhos, intrigantes e exóticos; fortes contrastes, às vezes até explosivos; uso mais enfático da seção de percussão; sons desconhecidos tirados de instrumentos conhecidos; sons inteiramente novos, provenientes de aparelhagens eletrônicas e fitas magnéticas.


























Preferi unir os temas “BRASIL” E “MUNDO”, no mesmo texto por pensar que a globalização iniciou a mais tempo que pensamos.

O século XX foi o período de cem anos iniciado em 1º de janeiro de 1901 e terminado em 31 de dezembro de 2000 que se notabilizou pelos inúmeros avanços tecnológicos, conquistas da civilização e reviravoltas em relação ao poder. No entanto, esses anos podem ser descritos como a "época dos grandes massacres", já que nunca se matou tanto como nos conflitos ocorridos no período. Em muitos países da Europa e da Ásia, o século XX também foi largamente apelidado de "Século Sangrento". O historiador Eric Hobsbawn considera, de maneira figurada, o século XX como o período entre a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, e o Colapso da União Soviética, em 1991. Hobsbawn chama esse período de "Era dos Extremos".


Politicamente, o século XX é dividido em seis períodos:
Observando-se pelo âmbito cultural, existem outras divisões, de classificação popular. Exemplo: os Anos Loucos (década de 20), os Anos Dourados (década de 50) e a Época Hippie (segunda metade dos anos 60 e início dos 70). Nos Estados Unidos, o período que vai de 1920 até 1933 é conhecido como a Época da Proibição, por causa da proibição de bebidas alcoólicas. O século XX foi marcado por um período de mudanças. Com invenções como a lâmpada, o automóvel e o telefone no final do século anterior, a qualidade de vida aumentou para muitos. Juntamente com tais progressos tecnológicos, ninguém podia ter esperado quais mudanças 100 anos teriam no mundo político. Os Estados Unidos tiveram grandes ganhos econômicos e políticos; por volta de 1900, os EUA eram a potência industrial líder no mundo em termos de produção. A África, América Central e do Sul e Ásia também gradualmente rumaram a uma maior autonomia. Com a criação de novos estados independentes em ex-possessões européias, o balanço de poder ao longo do século XX começou a se deslocar para fora da Europa.
Na Europa, mudanças começaram também. O Império Britânico alcançou o ápice de seu poder. Império alemão e Reino da Itália, que passaram a existir como nações unificadas no final do século XIX, trataram de crescer em poder, economia e influência. Com o nacionalismo à toda a força nesse momento, as potências européias competiram entre si por terras, força militar e poderio econômico.
A Ásia e a África, para a maioria, ainda estava sob controle de seus conquistadores europeus como conseqüência do neocolonialismo. Exceções existiram, contudo, como na China e no Japão. Além disso, Japão e Rússia estavam em guerra entre si em 1905. A Guerra Russo-Japonesa foi uma das primeiras instâncias de uma potência européia caindo perante uma assim chamada "nação inferior". A própria guerra reforçou o militarismo japonês e desenvolveu o crescimento de status do Japão por poder no cenário internacional. A Rússia czarista, por outro lado, não lidou bem com a derrota. A guerra expôs a fraqueza militar do país e o crescente retrocesso econômico.

Os Estados Unidos foram um elemento de crescente influência na política mundial durante o século XIX. Tornaram sua presença conhecida no cenário mundial desafiando a os espanhóis na Guerra Hispano-Americana, ganhando colônias de Cuba e das Filipinas como protetorados.

Agora, com crescimento na imigração e uma resolução de uma questão de unidade nacional através da sangrenta Guerra Civil Americana, os EUA estavam surgindo também como uma usina de força industrial, rivalizando com a Grã-Bretanha, Alemanha e França.
Com tal crescimento de poder na Ásia, e especialmente na América do Norte, e com crescente rivalidade entre as potências européias, o cenário estava preparado para que a política mundial sofreria uma grande reviravolta.

Importantes desenvolvimentos, eventos e conquistas

Doença e medicina

  • A disponibilidade e a qualidade da medicina melhoraram de forma espantosa
  • Doenças epidêmicas continuaram a se espalhar, aliadas a modernas formas de transporte. Uma pandemia de influenza, a Gripe Espanhola, matou 25 milhões entre 1918 e 1919, enquanto a AIDS ainda não tem cura e os tratamentos permanecem muito caros para uso em larga escala nos países em desenvolvimento.
  • Avanços em medicina, como a invenção do antibiótico, diminuíram sensivelmente o número de pessoas que morreram por doença.
  • Drogas contraceptivas e transplante de órgãos foram desenvolvidos. A descoberta das moléculas de ADN e o advento da biologia molecular permitiram a clonagem e a engenharia genética.
  • Um grande divisor entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos passa a ser o acesso à medicina moderna.

Cultura e entretenimento


  • No início do século, Paris é a capital artística do mundo, onde tanto escritores, compositores e artistas franceses quanto estrangeiros se encontram.
  • Filmes, música e a mídia tiveram uma grande influência na moda e tendências em todos os aspectos da vida. Como muitos filmes e músicas se originaram dos Estados Unidos, a cultura americana se espalhou rapidamente por todo o mundo.
  • Após ganhar direitos políticos em grande parte da Europa e nos Estados Unidos na primeira parte do século, e com o advento de novas técnicas de controle de natalidade, as mulheres tornaram-se mais independentes ao longo do século.
  • Os estilos de música Rock n' Roll e Jazz foram desenvolvidos nos Estados Unidos, e rapidamente tornaram-se formas dominantes de música popular na América do Norte, e mais tarde, no mundo. Os Beatles, uma banda britânica de Rock & Roll dos anos 60, tornou-se o maior sucessos de todos os tempos, e isso é creditado, em seus últimos álbuns experimentais, mudando permanentemente o que era possível imaginar na música popular.
  • A arte moderna desenvolveu novos estilos como o expressionismo, cubismo e realismo.
  • O automóvel forneceu de forma ampla capacidades crescentes de transporte para um membro comum das sociedades ocidentais na primeira metade do século, espalhando-se ainda mais com o passar do tempo. O desenvolvimento urbano por quase todo o Ocidente focou no transporte por carro. O carro tornou-se um símbolo máximo da sociedade moderna, com estilos de carro que expressam o estilo de vida de seus donos.
  • Os esportes tornaram-se parte importante da sociedade, tornando-se uma atividade não apenas para os privilegiados. Assistir os esportes, mais tarde também pela televisão, tornou-se uma atividade popular.

Guerras e política



"A Grande Guerra"


A Primeira Guerra Mundial começou em 1914 e terminou em 1918. Foi iniciada com o assassinato do herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, Erzherzog Arquiduque Franz Ferdinand (mais conhecido nos países lusófonos como Francisco Ferdinando ou Francisco Fernando), por Gavrilo Princip (Gabriel Príncipe) da organização nacionalista Sérvia "Mão Negra". Chamado pelo nacionalismo eslavo para ajudar, os russos vieram a ajudar os sérvios quando foram atacados. Alianças tecidas, corrida armamentista crescente e velhos ódios arrastaram a Europa para a guerra. Os aliados, conhecidos como "A Tríplice Entente", compreendiam o Império Britânico, a Rússia e a França, assim como a Itália e os Estados Unidos mais tarde na guerra (submarinos alemães torpedearam o navio Lusitânia). Do outro lado, Alemanha, juntamente com a Áustria-Hungria e mais tarde o Império Otomano, ficaram conhecidos como "As Potências Centrais".
Em 1917 a Rússia terminou com ações hostis contra as Potências Centrais após a queda do Czar. Os Bolcheviques negociaram o Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha apesar de ter custado muito à Rússia. Apesar de a Alemanha ter trocado do fronte oriental para o ocidental grande quantidade de forças após o Tratado de Brest-Litovsk, não conseguiu parar o avanço dos aliados, especialmente com a entrada das tropas norte-americanas em 1918.
A própria guerra foi também uma oportunidade para as nações combatentes exibirem sua força militar e engenhosidade tecnológica. Os alemães introduziram a metralhadora e gases mortais. Os britânicos foram os primeiros a usar tanques. Ambos os lados tiveram uma oportunidade de testar suas novas aeronaves para ver se elas poderiam ser usadas em combate. Acreditou-se que a guerra seria curta. Infelizmente, desde que o combate de trincheiras foi criado como a melhor forma de defesa, os avanços em ambos os lados foram muito lentos. Portanto, a guerra arrastou-se por um período mais longo e causou mais fatalidades que o esperado.



Quanto a guerra finalmente terminou em 1918, os resultados aprontaram o cenário para os próximos cinqüenta anos. Primeiro e mais importante, os alemães foram forçados a assinar o Tratado de Versalhes, forçando-os a fazer pagamentos exorbitantes para reparar os danos causados durante a Guerra. Muitos alemães sentiram que aquelas reparações eram injustas porque eles não haviam de fato "perdido" a guerra nem sentiam que haviam causado a guerra (vide Dolchstoßlegende). A Alemanha nunca foi ocupada por tropas aliadas, no entanto teve que aceitar um governo democrático liberal imposto pelos vitoriosos após a abdicação do Kaiser Wilhelm II (Guilherme II).

Muito do mapa da Europa foi redesenhado pelos vitoriosos baseados na teoria que guerras futuras poderiam ser prevenidas se todos os grupos étnicos tivessem sua própria "pátria". Novos estados como a Jugoslávia e Checoslováquia foram criados do antigo Império Áustro-Húngaro para acomodar as aspirações nacionalistas desses grupos. Um órgão internacional chamado de a Liga das Nações foi formado para mediar disputas e prevenir futuras guerras, apesar de que sua efetividade foi severamente limitada, entre outras coisas, pela recusa dos Estados Unidos de se juntar a ela.
O mundo inteiro sentiu o gosto amargo do que o combate industrializado em escala mundial poderia fazer. A idéia de guerra como uma nobre defesa de um país por uma boa causa desapareceu, quando os povos de todas as nações refletiram acerca das deficiências de seus líderes, que haviam causado a dizimação de toda uma geração de jovens. Ninguém tinha interesse em outra guerra de tamanha magnitude. O pacifismo tornou-se popular e virou moda.

A Revolução Russa de 1917 deflagrou uma onda de revoluções comunistas por toda a Europa, alertando muitos de que uma revolução mundial socialista poderia ser realizada em um futuro próximo. Contudo, as revoluções européias foram derrotadas, Lênin morreu em 1924, e em poucos anos Josef Stalin deslocou Leon Trotsky como o líder "de fato" dos concentrados em "socialismo em um país" e embarcou em um plano ousado de coletivização e industrialização. A maioria dos socialistas e mesmo muitos comunistas tornaram-se desiludidos com o subjugo autocrático de Stalin, suas punições e assassínios de seus "inimigos", assim como as notícias de fome (Holodomor) que ele impôs ao seu próprio povo.

O comunismo fortaleceu-se nas democracias ocidentais enquanto a economia global implodiu em 1929 naquilo que ficou conhecido como Grande Depressão. Muitas pessoas viram isso como o primeiro estágio do fim do sistema capitalista e foram atraídos para o comunismo como uma solução à crise econômica.

Entre duas guerras

Entre - guerras ou entre-guerras é a denominação dada ao período que se estende do fim da primeira guerra mundial, em 11 de novembro de 1918, até o início da segunda guerra mundial, em 1 de setembro de 1939.
O período foi marcado pela quebra da bolsa de Nova Iorque, associada a graves tensões polícias, culminando com a ascensão dos regimes totalitários em alguns países europeus e também no resto do mundo. Na Alemanha e na Itália, surgiram o nazismo e o fascismo, respectivamente. No Brasil, além do surgimento de um movimento de inspirações semelhantes ao fascismo, o integralismo, houve a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, instaurando o Estado Novo. Esse período entre-guerras pôs fim à hegemonia do capitalismo, e o socialismo foi colocado em prática. Quando o socialismo infiltrou-se na Rússia deu origem aos partidos de oposição ao czarismo.

Depressão econômica


A economia após a Primeira Guerra Mundial permaneceu forte ao longo da década de 1920. A guerra previu estímulo para a indústria e para a atividade econômica em geral. Houve muitos sinais de alerta predizendo o colapso do sistema econômico global em 1929 que foram de uma maneira geral incompreendidos pelas lideranças políticas da época. A resposta à crise geralmente fez a situação piorar, uma vez que milhões de pessoas assistiram suas economias tornarem-se irrisórias e a idéia de um emprego estável com um salário razoável se dissipando.
Muitos procuraram respostas em ideologias alternativas como o comunismo e o fascismo. Eles acreditavam que o sistema econômico estava em colapso e novas idéias eram necessárias para resolver a crise. As primeiras respostas à crise eram baseadas na pressuposição que o mercado livre iria corrigir a si mesmo, contudo, este fez pouco para corrigir a crise ou aliviar o sofrimento de muitas pessoas. Portanto, a idéia de que um sistema existente seria reformado pela intervenção governamental na economia ao invés de uma abordagem laissez-faire tornou-se proeminente como uma solução para a crise.
Governos democráticos assumiram a responsabilidade de prover serviços necessários para na sociedade e aliviar a pobreza - assim nascia o estado de bem-estar social. Estes dois princípios político-econômicos, a crença em intervenção governamental e o estado de bem-estar social, como oposição à crença de que o mercado livre e instituições privadas iriam definir muitas batalhas políticas pelo resto do século.

A ascensão das ditaduras


O fascismo apareceu pela primeira vez na Itália com a ascensão ao poder de Benito Mussolini em 1922. Isso aconteceu com o apoio da Igreja Católica e uma grande proporção das classes mais abastadas como um grande enfrentamento à ameaça do comunismo.
Quando Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha em 1933, uma nova variante do fascismo chamada nazismo apoderou-se da Alemanha e encerrou a experiência alemã com a democracia.
O Partido Nacional Socialista na Alemanha era dedicado à restauração da honra e do prestígio alemão, a unificação dos povos de língua germânica e a anexação da Europa Central e Oriental como estado vassalos, com a população eslava servindo como trabalho escravo para atender aos interesses econômicos alemães. Houve também um grande apelo para a pureza racial (a idéia de que os alemães eram a Herrenvolk ou raça mestra) e um vicioso anti-semitismo que promoveu a idéia de que os judeus eram subumanos (Untermensch) e dignos apenas de extermínio.
Muitos povos na Europa Oriental e os Estados Unidos saudaram a ascensão de Hitler com alívio ou indiferença. Não viam nada de errado com uma Alemanha forte pronta para desafiar a ameaça comunista ao Ocidente. O anti-semitismo durante a Grande Depressão rapidamente se espalhou já que muitos estavam contentes de culpar os judeus de causar a crise econômica.
Hitler começou a colocar seu plano em movimento, anexando a Áustria no Anschluss, ou reunificação da Áustria com a Alemanha, em 1938. Ele então negociou a anexação dos Sudetos (Sudentenland), uma área montanhosa de língua alemã da Tchecoslováquia, na Conferência de Munique. Os britânicos estavam ávidos de evitar guerra e acreditavam na promessa de Hitler de proteger a segurança do estado checo. Hitler anexou o resto do estado checo logo a seguir. Não poderia mais ser dito que Hitler estava puramente interessado em unificar o povo alemão.
O fascismo não era a única forma de ditadura a ascender no período pós-guerra. Quase todas as novas democracias nas nações da Europa Oriental caíram e foram substituídas por regimes autoritários. A Espanha também se tornou uma ditadura sob a liderança do General Francisco Franco após a Guerra Civil Espanhola. Estados totalitários tentaram alcançar controle total sobre seus povos bem como sua total lealdade. Eles mantiveram o estado sobre o indivíduo, e foram responsáveis por alguns dos piores atos na história, como o Holocausto, ou mesmo um Grande Terror perpetrado por Estaline em seu próprio povo mais tarde. De fato, nesse momento, a democracia parecia estar em declínio. Foi um período de medo e dúvida, explorado por diversos homens inescrupulosos que cometeram atos terríveis com o apoio de suas populações.

Guerra global

O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o exército alemão invadiu a Polônia. De imediato, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. De acordo com a política de alianças militares existentes na época, formaram-se dois grupos: Aliados (liderados por Inglaterra, URSS, França e Estados Unidos) e o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). A 27 de Setembro de 1940, em Berlim, as Potências do Eixo firmaram o Pacto Tripartite. A Segunda Guerra Mundial (1939–1945) opôs os Aliados às Potências do Eixo, tendo sido o conflito que causou mais vítimas em toda a história da Humanidade. As principais potências aliadas eram a China, a França, a Grã-Bretanha, a União Soviética e os Estados Unidos. O Brasil se integrou aos Aliados em 1943. A Alemanha, a Itália e o Japão, por sua vez, perfaziam as forças do Eixo. Muitos outros países participaram na guerra, quer porque se juntaram a um dos lados, quer porque foram invadidos, ou por haver participado de conflitos laterais. Em algumas nações (como a França e a Jugoslávia), a Segunda Guerra Mundial provocou confrontos internos entre partidários de lados distintos. O líder alemão de origem austríaca Adolf Hitler, Führer do Terceiro Reich, pretendia criar uma "nova ordem" na Europa, baseada nos princípios nazistas da suposta superioridade alemã, na exclusão — e supostamente eliminação física incluída — de algumas minorias étnicas e religiosas, como os judeus e os ciganos, bem como deficientes físicos e homossexuais; na supressão das liberdades e dos direitos individuais e na perseguição de ideologias liberais, socialistas e comunistas.


Tanto a Itália como o Japão entraram na guerra para satisfazer os seus propósitos expansionistas. As nações aliadas (como a França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América) opuseram-se a estes desejos do Eixo. Estas nações, juntamente com a União Soviética, após a invasão desta pela Alemanha, constituíram a base do grupo dos Aliados.
O período de 1939 a 1941 foi marcado por vitórias do Eixo, lideradas pelas forças armadas da Alemanha, que conquistou o Norte da França, Iugoslávia, Polônia, Ucrânia, Noruega e territórios no norte da África. O Japão anexou a Manchúria, enquanto a Itália conquistava a Albânia e territórios da Líbia.
Em 1941 o Japão ataca a base militar norte-americana de Pearl Harbor no Oceano Pacífico (Havaí). Após este fato, considerado uma traição pelos norte-americanos, os estados Unidos entraram no conflito ao lado das forças aliadas.
De 1941 a 1945 ocorreram as derrotas do Eixo, iniciadas com as perdas sofridas pelos alemães no rigoroso inverno russo. Neste período, ocorre uma regressão das forças do Eixo que sofrem derrotas seguidas. Com a entrada dos EUA, os aliados ganharam força nas frentes de batalhas.
O Brasil participa diretamente, enviando para a Itália (região de Monte Cassino) os pracinhas da FEB, Força Expedicionária Brasileira. Os cerca de 25 mil soldados brasileiros conquistam a região, somando uma importante vitória ao lado dos Aliados.

A guerra na Europa

Logo após os eventos na Checoslováquia, Reino Unido e França garantiram proteção à Polônia, que parecia ser o próximo na lista de Hitler. A Segunda Guerra Mundial oficialmente começou em 1 de Setembro de 1939. Nesta data, Hitler lançou sua Blitzkrieg, ou guerra-relâmpago, contra a Polônia. Grã-Bretanha e França, para grande surpresa de Hitler, imediatamente declararam guerra à Alemanha, mas a ajuda que podiam oferecer à Polônia era irrisória. Apenas poucas semanas depois, as forças polacas estavam subjugadas e o seu governo fugiu para o exílio em Londres.
Iniciando a II Grande Guerra, os alemães haviam lançado um novo tipo de estratégia de guerra, caracterizado pelas forças altamente móveis e o uso de aeronaves de grande porte. A estratégia alemã se concentrava na devoção do Wehrmacht, ou exército alemão, no uso de grupos de tanques, chamados de divisões Panzer, e grupos de infantaria móvel, em harmonia com incansáveis ataques do céu. Cerco também era uma parte importante da estratégia. Esta mudança esmagou qualquer expectativa de que a Segunda Guerra Mundial seria lutada nas trincheiras como a primeira.
Enquanto as forças de Hitler conquistavam a Polônia, a União Soviética, sob o Secretário Geral Josef Estaline, estava agindo para garantir territórios em uma parte secreta de um tratado de não-agressão (o Pacto Molotov-Ribbentrop) entre a URSS e a Alemanha. Este tratado deu a Estaline caminho livre para as repúblicas bálticas da Estônia, Letônia e Lituânia, assim como a Polônia Oriental, todos que permaneceriam como possessões soviéticas após a guerra. Em 17 de Setembro teve início a Invasão Soviética da Polónia. Estaline também lançou um ataque à Finlândia, que ele esperava reduzi-la a nada além de um estado fantoche soviético, mas o Exército Vermelho encontrou dura resistência no que ficou conhecido como a Guerra do Inverno, e teve sucesso em ganhar apenas um limitado território dos finlandeses. Esta ação levaria mais tarde a uma aliança entre os finlandeses e a Alemanha quando do ataque à União Soviética em 1941.
Após a derrota da Polônia, um período conhecido como Guerra de Mentira aconteceu durante o inverno de 1939-1940. Tudo isso mudou em 10 de Maio, 1940, quando os alemães lançaram um ataque massivo aos Países Baixos (Bélgica, Holanda e Luxemburgo), mais provavelmente para superar a Linha Maginot de defesas nas fronteiras franco-alemãs. Com isto testemunhou-se a incrível queda do Eben Emael, um forte belga considerado inviolável e guardado por 600 belgas, a uma força de apenas 88 paraquedistas alemães. O pior foi que o Rei Leopoldo III da Bélgica se rendeu aos alemães em 28 de Maio sem avisar seus aliados, expondo o flanco inteiro das forças aliadas para grupos de panzers alemães. Seguindo-se à conquista dos Países Baixos, Hitler ocupou a Dinamarca e a Noruega, começando em 9 de Abril de 1940. A Noruega era mais importante estrategicamente por causa de suas rotas navais que supriam minas suecas cruciais para a máquina de guerra nazista. A Noruega resistiu por algumas semanas cruciais, mas a Dinamarca rendeu-se após apenas quatro dias.
Com o desastre nos Países Baixos, a França, considerada àquela época possuir o melhor exército do mundo, durou apenas quatro semanas, com Paris sendo ocupada em 14 de Junho. Três dias depois, o Marechal Philippe Pétain se rendeu aos alemães. A disputa na França também levou a um dos maiores mistérios da guerra, e o primeiro grande tropeço de Hitler, Dunkirk, onde um terço de milhão de soldados britânicos e franceses encurralados foi evacuado não apenas por barcos de guerra britânicos, mas por cada barco que o exército conseguiu encontrar, incluindo botes de pesca. Hitler se recusou a "arriscar" seus panzers em ação em Durkirk, seguindo conselho do Ministro da Aeronáutica Herman Göring e permitindo à Luftwaffe, ou Força Aérea alemã, cuidar do serviço. A ironia nisso foi que os homens que escaparam formariam a cúpula do exército que invadiria as praias da Normandia em 1944. Hitler não ocupou toda a França, mas por volta de três quartos, incluindo toda a costa do Atlântico, permitindo que o Marechal Pétain permanecesse como ditador de uma área conhecida como França de Vichy. Contudo, membros do Exército francês que escaparam se uniram ao redor do General Charles de Gaulle para criar as Forças Francesas Livres, que continuaria a batalhar com Hitler por uma França independente. Neste momento, Mussolini declarou guerra aos aliados em 10 de Junho, pensando que a guerra estava quase acabada, mas ele conseguiu ocupar apenas alguns poucos metros do território francês. Ao longo da guerra, os italianos seriam muito mais um peso aos nazistas do que uma mão, e mais tarde custariam a eles um tempo precioso na Grécia.
Aqui está uma das maiores ironias da história. Hitler agora permanecia em uma posição única. Ele já havia conquistado um montante incrível de território em um curto espaço de tempo, e teve a chance de dominar toda a Europa. Certamente, de um ponto de vista militar, é incrível que Hitler tivesse perdido a II Guerra Mundial. Ao longo de 1940 e 1941, ele tomou conhecimento e controle virtual da Hungria, Romênia e Bulgária, assim como a Finlândia como um desconfortável aliado. O segredo é que Hitler apoiou as ideias de generais como Heinz Guderian, geralmente chamado de profeta da guerra acelerada, e Erwin Rommel, um gênio militar que emergiu na II Guerra Mundial. Hitler atribuiu seus sucessos ao seu próprio gênio militar, e sua autoconfiança seria mais tarde a principal causadora da derrota da Alemanha. Hitler poderia agora tornar-se governante da Europa, e possivelmente ditador do mundo, se ele apenas tivesse seguido os planos de senso-comum defendidos pelos muitos generais alemães. Contudo, ele não seguiu, salvando o mundo de dominação nazista.
Hitler agora se vira para a Grã-Bretanha, que ficou sozinha contra ele. Ele ordenou a seus generais que desenhassem planos de invasão, com o nome código de Operação Leão Marinho, e ordenou à Luftwaffe para lançar um ataque aéreo maciço contra as ilhas britânicas, o que viria a ser conhecido como Batalha da Grã-Bretanha. Os britânicos no começo sofreram perdas consideráveis, mas conseguiram virar a guerra contra a Alemanha, abatendo 2 698 aviões alemães ao longo do verão de 1940 contra apenas 915 perdas da Royal Air Force (RAF). O ponto-chave da virada aconteceu quando os alemães interromperam ataques bem sucedidos contra fábricas britânicas de aviões e estações de comando e coordenação de radar e passaram a bombardear civis, o que ficou conhecido como bombardeio de terror usando o distinto som de "bomba" criado pelo bombardeiro alemão, o Stuka. A mudança veio após uma pequena força de bombardeio britânica ter atacado Berlim. Hitler ficou furioso. Contudo, esta decisão de mudar o foco do ataque permitiu aos britânicos reconstruir a RAF e mais tarde forçar os alemães a adiar indefinidamente o Leão Marinho.
A importância da Batalha da Bretanha é que ela marcou o começo da derrota de Hitler. Em segundo lugar, marcou o advento do radar como uma arma fundamental na guerra aérea moderna. Com o radar, esquadrões de combatentes poderiam ser rapidamente organizados para responder aos bombardeiros que vinham tentar bombardear alvos civis. Também foi possível a identificação do tipo e um palpite no número de aeronaves inimigas a caminho, assim como rastrear aviões amigos.
Hitler, abatido por sua derrota sobre os céus da Inglaterra, agora mirava a leste para a União Soviética. Apesar de ter assinado o pacto de não-agressão com Estaline, Hitler desprezava o comunismo e desejava destruí-lo na terra de seu nascimento. Ele originalmente planeou lançar o ataque no começo da primavera de 1941 para evitar o desastroso inverno russo. Contudo, um golpe pró-aliado na Jugoslávia e a derrota quase vergonhosa de Mussolini em sua invasão à Grécia da ocupada Albânia fez com que Hitler lançasse uma campanha pessoal de vingança na Jugoslávia e ocupasse a Grécia ao mesmo tempo. Os gregos teriam uma vingança amarga; o ataque causou um atraso de muitas semanas cruciais da invasão da Rússia.
Em 22 de Junho de 1941, Hitler apontou a Estaline o maior exército que o mundo havia visto. Mais de três milhões de homens e suas armas foram postos em serviço contra os soviéticos. Estaline havia sido avisado sobre o ataque, tanto por outros países quanto por sua própria rede de inteligência, mas havia se recusado a acreditar nisso. Portanto, o exército russo estava totalmente despreparado e sofreu incríveis retiradas no início da guerra, apesar das ordens de Estaline de contra-atacar os alemães. Ao longo de 1941, forças alemãs, divididas em 3 grupos do exército (Grupo do Exército A, Grupo do Exército B e Grupo do Exército C), ocuparam os estados bálticos da Ucrânia e Bielorrússia, levantaram cerco em Leningrado (atual São Petersburgo) e avançou até 22 quilômetros de Moscovo. Neste momento crucial, o inverno russo, que começou cedo naquele ano, atrasou o Wehrmacht alemão a um ataque aos portões de Moscovo. Estaline havia planeado evacuar a cidade, e já tinha movido funções importantes do governo, mas decidiu ficar e lutar pela cidade. Tropas recentemente chegadas do leste sob o comando do gênio militar Marechal Georgi Zhukov contra-atacou os alemães e os afastou de Moscovo. O exército alemão então enfrentou o inverno.
Aqui marca o terceiro grande tropeço de Hitler. Ele poderia ter ganho a guerra da URSS exceto por algumas razões. Uma, ele começou a guerra tarde demais para evitar o inverno russo. Segundo, ele tentou capturar muito território muito rápido; ele queria que o exército alemão avançasse sem parar até os Urais, o que somava 2 600 000 km² de território, quando ele provavelmente deveria ter se concentrado em tomar Moscou e então partir para o coração da União Soviética. Terceiro, ele ignorou a experiência similar de Napoleão Bonaparte quase cento e cinqüenta anos antes em sua tentativa de conquistar a Rússia. Apesar disso, Estaline não estava em uma boa posição. Aproximadamente dois quintos do poder industrial da URSS estavam em mãos alemãs. Além disso, os alemães eram no início vistos por muitos como libertadores lutando contra os comunistas. Estaline também não era um general muito hábil, e assim como Hitler, no início tentou lutar na guerra como um estrategista militar. Contudo, Hitler conseguiu virar todas as vantagens que tinha contra si, e perdeu a única esperança que restava: conquistar o Cáucaso e tomar controle do Norte da África e do Oriente Médio rico em petróleo.


Mussolini lançou uma ofensiva no Norte africano da Líbia, controlada pelos italianos, contra o Egito, controlado por britânicos. Contudo, os britânicos esmagaram os italianos e estavam prestes a conquistar a Líbia. Hitler decidiu ajudar enviando alguns milhares de tropas, uma divisão da Luftwaffe e o primeiro-general Erwin Rommel. Rommel decidiu usar sua pequena força para repetidamente esmagar as forças maciçamente superiores do Reino Unido e recapturar a cidade portuária de Tobruk e avançar até o Egito. Contudo, Hitler, enrolado com sua invasão à União Soviética, recusou mandar Rommel e mais tropas. Se tivesse, Rommel poderia ter conquistado o Oriente Médio, onde os regimes aliados ao Eixo tinham tomado a rota no Iraque e Pérsia (atual Irão). Lá, Rommel poderia ter cortado uma das principais rotas de fornecimento aos soviéticos através da Pérsia, e ajudado a tomar o Cáucaso, virtualmente neutralizando a efetividade britânica na guerra e potencialmente selando o destino da URSS. Contudo, Hitler tropeçou novamente, jogando fora os últimos vestígios da vantagem alemã em sua ofensiva em 1942.
Após o inverno, Hitler lançou uma ofensiva nova na primavera de 1942, com o objetivo de capturar o Cáucaso rico de petróleo e a cidade de Estalingrado. Contudo, ele repetidamente mudou suas tropas para onde elas não eram mais necessárias. A ofensiva falhou, e o 6º Exército inteiro, considerada uma das melhores tropas alemãs, ficou aprisionada em Estalingrado. Hitler agora se recusou a deixar o 6º Exército escapar. Ele insistiu que o exército alemão forçaria sua entrada. Herman Goering também assegurou a Hitler que a Luftwaffe poderia fornecer ao 6º Exército adequadamente, quando ele poderia na realidade apenas fornecer apenas uma fração mínima da munição e da ração necessárias. Consequentemente, o faminto 6º Exército rendeu-se, deixando uma grande surpresa aos alemães. Ao final, a derrota em Estalingrado foi o momento da virada da guerra no leste.
Enquanto isso, os japoneses atacaram os Estados Unidos em Pearl Harbor no Havaí em 7 de Dezembro de 1941. Este ataque desastroso forçou os norte-americanos a entrarem na guerra. Hitler não precisaria ter declarado guerra aos Estados Unidos, mantendo assim sua neutralidade na Europa, mas não o fez assim. Tanto ele quanto Mussolini declararam guerra apenas alguns dias após o ataque. Naquele momento, a maioria dos generais alemães, preocupados com a guerra na Rússia, nem mesmo perceberam a entrada dos EUA. Seria um deslize crucial.
Ao longo do resto de 1942 e 1943, os soviéticos começaram a ganhar terreno em relação aos alemães. A batalha de tanques de Kursk é um exemplo. Contudo, a essa altura, Rommel foi forçado a abandonar o norte da África após a derrota em El Alamein, e o Wehrmacht se deparou com grandes baixas que não conseguiria substituir. Hitler também insistiu em uma política de "defesa a todo custo" que proibia a entrega de qualquer território. Ele seguiu a política da "luta até o último homem" que foi completamente ineficiente. No começo de 1944, Hitler havia perdido todas as suas iniciativas na Rússia, e ainda se esforçava para segurar a mudança de maré contra ele.
De 1942 a 1944, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha atuaram apenas de uma forma limitada no teatro europeu, muito a contragosto de Estaline. Eles expulsaram os alemães da África, invadindo o Marrocos e a Argélia em 8 de Novembro de 1942. Então, em 10 de Julho de 1943, os aliados invadiram a Sicília, em preparação para um avanço pela Itália, o "ponto fraco" do Eixo, como Winston Churchill a chamou. Em 9 de Setembro, a invasão da Itália começou. No inverno de 1943, a metade sul da Itália estava em mãos Aliadas. Os italianos, muitos deles que não apoiavam a guerra, já haviam se voltado contra Mussolini. Em Julho, ele foi extirpado do poder e feito prisioneiro, apesar dos italianos terem contínuo apoio do eixo. Em 8 de Setembro, os italianos se renderam formalmente, mas a maioria da Itália que não estava em mãos aliadas era controlada por tropas alemãs e aqueles leais a nova República Social Italiana de Mussolini (Mussolini foi libertado por pára-quedistas alemães), o que consistia na realidade na zona em encolhimento de controle alemão. Os alemães ofereceram dura resistência, mas em 4 de Junho de 1944, Roma caiu.
De 1942 a 1944, a Segunda Batalha do Atlântico aconteceu. Os alemães esperavam cortar as linhas vitais de abastecimento entre o Reino Unido e a América, afundando muitas toneladas de carregamento com U-boats, submarinos alemães. Contudo, o desenvolvimento do destroyer e aeronaves com um alcance de patrulha maior foram eficientes para barrar a ameaça do U-boat. Em 1944, os alemães perderam a Batalha do Atlântico.
Em 6 de Junho de 1944, os Aliados Ocidentais finalmente lançam o ataque mais que aguardado ao "Forte Europa" tão pedido por Estaline. A ofensiva, de nome código Operação Chefão, começou cedo pela manhã do dia 6 de Junho. O dia, conhecido como Dia D, foi marcado por um clima instável. Rommel, que agora estava a cargo de defender a França contra um possível ataque aliado, pensou que os Aliados não atacariam durante uma tempestade, e foi em um feriado na Alemanha. Aqui, um grande erro ocorreu para os alemães, selando o sucesso da operação. Os alemães esperavam um ataque, mas no porto natural de Calais e não nas praias da Normandia. Eles não sabiam sobre os portos artificiais. Também, pistas plantadas pelos Aliados sugeriam Calais como o local de desembarque.
Nesse ponto, a guerra parecia estar ficando pior para a Alemanha. Em 20 de Julho de 1944, um grupo de oficiais alemães tentou assassinar Hitler (o Atentado de 20 de julho, do qual participaram Claus von Stauffenberg, entre outros). A bomba que usaram o feriu, mas a segunda não foi usada, e uma mesa protegeu Hitler em um lance de sorte. Os conspiradores ainda poderiam ter arquitetado um golpe, mas apenas a cúpula da Paris ocupada agiu, prendendo forças da SS e da Gestapo na cidade. O ministro da propaganda alemã, Joseph Goebbels, agiu salvando o dia para Hitler. Esta foi uma dentre várias tentativas da resistência alemã para eliminar Hitler.
Na França, os aliados tomaram a Normandia e finalmente Paris em 25 de Agosto. A leste, os russos avançaram quase até a antiga fronteira russo-polaca. Nesse momento, Hitler introduziu as armas V, o V-1 e, mais tarde, o V-2, os primeiro foguetes utilizados na guerra moderna. O V-1 era quase sempre interceptado por pilotos aéreos, mas o V-2 era extremamente rápido e carregava uma grande quantidade de carga. Contudo, este avanço chegou muito tarde na guerra e não teve muito efeito prático. Os alemães estavam também próximos de introduzir um grande número de novas armas terríveis, incluindo aeronaves de propulsão avançada, que eram muito rápidas para aeronaves comuns, e melhorias em submarinos que permitiriam aos alemães lutar novamente de forma eficiente no Atlântico. Tudo isso veio muito tarde para salvar Hitler. Apesar da invasão de Setembro na Holanda ter falhado, os aliados fizeram avanços contínuos. No verão de 1944, Hitler apostou tudo em uma última tentativa desesperada no Oeste, conhecida como a Batalha do Bulge, que, apesar do avanço inicial, foi um fracasso, por causa da introdução de novos tanques aliados e baixo número de tropas entre os alemães, o que evitou qualquer ação real de ser tomada.
No início de Fevereiro de 1945, os três líderes aliados, Franklin Roosevelt, Winston Churchill, e Joseph Stalin se encontraram na recém liberada Yalta na Criméia na União Soviética na Conferência de Yalta. Ali, eles acordaram em relação a um plano para dividir a Europa do pós-guerra. A maior parte do leste foi para Stalin, que concordou em permitir eleições livre na Europa Oriental, coisa que nunca cumpriu. O oeste ficou para a Grã-Bretanha, França e Estados Unidos. A Alemanha seria dividida entre os quatro, assim como Berlim. Aqui o território da Guerra Fria foi estabelecido. As fundações da Cortina de Ferro e da corrida nuclear foram sedimentadas por estes três homens em Yalta.
No começo de 1945, Hitler já estavas fraquejando. Os russos lançaram um ataque devastador a partir da Polônia, onde libertaram Varsóvia, contra a Alemanha e a Europa Ocidental, com a intenção de tomar Berlim. Os alemães sucumbiram no oeste, permitindo que os aliados penetrassem Alemanha adentro. Entretanto, o comandante das forças aliadas, o general estaunidense Dwight D. Eisenhower, recusou-se a atacar Berlim e, ao invés disso, ficou obcecado com relatórios sobre possíveis atividades de guerrilha no sul do país, o que na verdade só existia na propaganda de Joseph Goebbels. Em 25 de abril os russos tinham Berlim sitiada. Hitler permaneceu na cidade, em um bunker, e suicidou-se cinco dias depois, depois de uma cerimônia de casamento com sua amante de longa data, Eva Braun. Os alemães agüentaram, mas sete dias sob o comando do Almirante Karl Doenitz, seu novo líder, mas acabaram se rendendo incondicionalmente em 7 de maio, encerrando a guerra na Europa.

O Holocausto

O Holocausto (que grosso modo significa "completamente queimado") foi o extermínio deliberado e sistemático de milhões de judeus, ciganos, eslavos, opositores políticos, prisioneiros de guerra soviéticos, homossexuais e doentes mentais e psiquiátricos, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, sob o Terceiro Reich na Alemanha. Alguns autores, porém, consideram que o Holocausto se refere apenas ao extermínio dos judeus.
Na realidade, a perseguição aos judeus teve início com a ascensão ao poder do partido nacional-socialista, muito antes da guerra, sendo o primeiro grande acontecimento a Noite de Cristal (Kristallnacht). Os sentimentos anti-semitas que já de há muito existiam de forma latente entre a população alemã foram consistentemente inflamados pela maquina de propaganda nazi.

Após a conquista da Polônia, o Terceiro Reich, que havia previamente deportado judeus e outros "indesejados", repentinamente tinha dentro de suas fronteiras a maior concentração de judeus do mundo. A solução foi isolá-los do resto da população, deportando-os para campos de concentração ou obrigando-os a viver em guetos, em condições deploráveis e de superpovoamento. Dezenas de milhares morreram assim de fome e de doença, quantas vezes na própria rua. À medida que a Alemanha ia conquistando novos territórios, as SS e os Einsatzgruppen, unidades paramilitares, reuniam e assassinavam sistematicamente os judeus.
Mas foi na Conferência de Wannsee que o regime nazi mostrou o quão longe era capaz de levar a sua loucura. Com efeito, pretendia-se que o extermínio completo da população judaica fosse mais célere, eficaz e, sobretudo, sistemático. Assim, em 1942, os principais líderes nazis reuniram-se em Wannsee, nos arredores de Berlim, a fim de encontrarem aquilo que designaram como a Solução Final da Questão Judaica (em alemão, "Endlösung der Judenfrage").
Tendo-se criado toda uma rede de campos de extermínio na Alemanha e na Polónia, deu-se início, em todos os territórios sob o domínio do Terceiro Reich (a França e a União Soviética ocupadas, a Polônia, a Hungria, os Países Baixos, etc.), à deportação em massa dos judeus. Nestes campos foram mortos milhões de judeus: fuzilados, enforcados e, sobretudo, gaseados. Os deportados foram igualmente utilizados como mão-de-obra escrava e como cobaias de experiências médicas.Para além disso, a fome e a sede, a insalubridade, a exposição aos elementos, os maus-tratos, a pura exaustão ceifaram centenas de milhares de vidas. Em termos globais estimam-se que o total das vítimas do Holocausto se situe entre os nove e os onze milhões, seis milhões dos quais judeus.
No Julgamento de Nuremberg, a unânime condenação das experiências médicas levadas a cabo pelos nazis levou à criação do Código de Nuremberg, um documento que visa definir uma ética para a investigação médica em seres humanos.
É inegável que os nazis sentiam um prazer absolutamente sádico com o sofrimento vivido nos campos de morte. À entrada de um dos mais terríveis campos, Auschwitz, pode ler-se "Arbeit Macht Frei" -- "O trabalho liberta". No total, foram mortos sete milhões de judeus, homossexuais, Testemunhas de Jeová, cigano e prisioneiros políticos, a maior parte nos campos de concentração. Nos campos morreram também milhões de prisioneiros soviéticos e aliados.
Tem havido alguma controvérsia quanto ao efetivo conhecimento do Holocausto pela população alemã. Ao que tudo indica, o cidadão comum estava bem informado sobre a existência dos campos de concentração, amplamente noticiada em muitos jornais e revistas. Em muitos locais da Alemanha e países ocupados, os judeus tinham de atravessar, às centenas, cidades e aldeias, a caminho das empresas que os utilizavam como mão-de-obra escrava. De qualquer forma, os soldados aliados testemunharam que o cheiro dos campos podia ser sentido numa área de muitos quilómetros. Um pequeno número de pessoas nega liminarmente que o Holocausto tenha ocorrido, se bem que tais teses tenham vindo a ser solidamente refutadas pelos mais conceituados historiadores.

O mundo do pós-guerra

Depois da Segunda Guerra Mundial, a maioria do mundo industrializado estava em ruinas como resultado das bombas aéreas, bombardeios navais, e leis de proteção de campanha. Os Estados Unidos foram uma exceção notável a isto; com exceção de Pearl Harbor e alguns outros incidentes isolados, os E.U.A. não sofreram ataques em sua terra natal. Os Estados Unidos e a União Soviética, que, apesar da devastação de suas áreas mais populosas, reconstruíram-se rapidamente, encontraram-se divindo o mundo como as duas superpotências dominantes.
Muito do oeste da Europa foi reconstruído depois da guerra com assistência do Plano Marshall. Alemanha, grande instigadora da guerra, foi colocada sob controle militar pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e a União Soviética. Berlim, apesar de estar em território soviético, foi dividido entre os quatro poderes. A ocupação de Berlim continuaria até 1990. O Japão também foi colocado sob ocupação americana; a ocupação iria durar cinco anos, até 1949. Estranhamente, estes dois poderes do Eixo, apesar da ocupação militar, logo cresceram para se tornar a segunda (Japão) e terceira (Alemanha ocidental) maiores economias do mundo.
Seguindo o fim da guerra, os Aliados processaram um grande número de oficiais alemães por crimes de guerra e outras ofensas no Tribunal de Nuremberg. Apesar de Adolf Hitler ter cometido suicídio, muitos de suas cabeças, incluindo Hermann Göring, foram declarados culpados. Julgamentos menos conhecidos de oficiais do eixo também ocorreram, incluindo o Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente que julgou os Crimes de guerra do Japão Imperial.
A falha da Liga das Nações em prevenir a Segunda Guerra Mundial essencialmente dissolveu a organização. Uma nova tentativa de paz mundial começou com a fundação das Nações Unidas em 24 de outubro de 1945 em São Francisco, Califórnia. Hoje, quase todos os países são membros, mas o sucesso da organização em seus objetivos é duvidoso.

Israel e Palestina

O fim da Segunda Guerra Mundial apresentou um panorama bem diferente do da Primeira Guerra: neste, a desmobilização militar foi generalizada e a produção bélica cessou. Após 1945, entretanto, as grandes potências não só conservaram os seus exércitos, mas desenvolveram ainda mais a indústria bélica, num quadro em que o armamentismo casava-se com a paz.
Fato que ficou conhecido como a corrida armamentista.
O mundo se organizou sobre novas bases, destituindo a Europa da posição de eixo do poder mundial e elegendo Washington e Moscou como novos centros, o que reativou o confronto entre capitalismo e socialismo. As nações tendiam para um ou outro polo de poder, fixado a bipolarização do mundo, marcadas pela tensão internacional, alimentada pelo conflito ideológica e política dos Estados Unidos e da União Soviética.
Os Estados Unidos despontaram como um Estado superior a qualquer outro em recursos materiais, financeiros e tecnológicos, como a nação detentora da bomba atômica, do domínio nuclear, com a vantagem de não ter sofrido a devastação e a exaustão da guerra em seu território. Para a União Soviética era vital igualar-se aos norte-americanos a a fim de que o socialismo pudesse sobreviver. Assim, embora tivesse saído da guerra com um saldo catastrófico – 1700 cidades arrasadas, 60 mil quilômetros de estradas de ferro destruídas e mais de vinte milhões de mortos -, Josef Stálin colocou como metas prioritárias de seu governo a reconstrução nacional e a corrida nuclear.
Em 1949, a União Soviética alcançava parte de seus objetivos, ao dominar a tecnologia bélica nuclear. A partir daí, a conjuntura internacional estabelecia que as grandes potências seriam as que possuíssem o domínio bélico atômico. Vinte anos depois do final da Segunda Guerra, 25 nações já possuíam status nuclear militar.
A Europa, embora devastada, aderiu á nova ordem, compondo com os blocos rivais. Na França, após o afinal da guerra, organizou-se a Quarta República, formada por uma aliança entre os seguidores de Charles de Gaulle, o líder do governo no exílio, e membros dos movimentos da Resistência. O novo governo caracterizou-se pela divisão e instabilidade interna e pela busca contínua de recuperação econômico-financeira.
O Holocausto acelerou os esforços para repatriar e assentar judeus na Palestina. A Grã-Bretanha, que previamente havia ocupado a Palestina sob mandato da Liga das Nações, retirou-se e partiu a área em territórios palestinos e judaicos com assistência das Nações Unidas. As tensões étnicas, religiosas e políticas criadas por isso atormentaram o mundo desde então. Três guerras regionais: a Guerra do Suez de 1956, a Guerra dos Seis Dias e a Guerra do Yom Kippur, envolveram Israel e países fronteiriços.
Os palestinos de Israel também resistiram ativamente à ocupação israelense na Faixa de Gaza assim como na Cisjordânia. Alguns participaram de ações como a Primeira Intifada e atentados suicidas contra militares israelenses e alvos civis, alvos que grupos como o Hamas não fazem distinção.

O fim do império

Quase todas as principais nações que estavam envolvidas na II Guerra Mundial começaram a abrir mão de suas colônias logo após o conflito. Os Estados Unidos deram a independência às Filipinas, sua principal possessão no Pacífico. Potências europeias como a Grã-Bretanha também começaram a se retirar de suas possessões na África e na Ásia. A França foi forçada a sair tanto da Indochina quanto, mais tarde, da Argélia.

Uma "Cortina de Ferro" se forma

A segunda metade do século vinte foi profundamente prejudicada pela competição entre as duas superpotências mundiais: os Estados Unidos e a União Soviética. A situação ficou especialmente tensa com o advento das armas nucleares. Os Estados Unidos, explodiram sua primeira bomba nuclear e usaram tais armas contra Hiroshima e Nagasaki.
A União Soviética explodiu sua primeira bomba em 9 de Agosto de 1949. A Grã-Bretanha, França e a República Popular da China também desenvolveram capacidades nucleares, realisticamente posando como ameaça de aniquilação da raça humana pela primeira vez na história.
Um grupo de países, os países não alinhados, optou por manter uma posição de neutralidade durante a Guerra Fria. Desejando assegurar tal neutralidade, estes promoveram a criação do Movimento Não Alinhado.
A Guerra Fria foi nomeada assim porque as duas superpotências opositoras nunca lutaram diretamente entre si. A guerra entre as duas potências poderia ter sido apocalíptica; a ameaça de uma destruição mútua certa preveniu as duas potências de iniciar um conflito aberto. Ao contrário, eles competiram por influência política e focaram em corrida armamentista e corrida espacial.
Também lutaram entre si indiretamente através de guerras por proximidade, tais como a Guerra do Vietnã e a Guerra do Afeganistão. A Europa foi transformada em terra de ninguém de nações aliadas. Os Estados Unidos fundaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com a intenção de organizar as nações capitalistas da Europa Ocidental na resistência aos soviéticos.
Em resposta, a União Soviética instalou regimes comunistas em países na Europa Oriental que haviam sido ocupados ao final da II Guerra Mundial, criou o Comecon (Conselho para Assistência Econômica Mútua) e organizou estes países no Pacto de Varsóvia. A URSS também construiu o Muro de Berlim para servir como uma barreira entre a Berlim Ocidental, ocupada pela OTAN e Berlim Oriental, ocupada pelos soviéticos. O território alemão também foi dividido entre Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental juntamente com as zonas de ocupação do final da guerra. Esta divisão deu vida ao discurso de Winston Churchill sobre a Cortina de Ferro, na qual ele proclamou que "Uma cortina de ferro caiu sobre a Europa."

Guerra por proximidade

Duas guerras e uma terceira quase-guerra na primeira década do século se tornaram o foco da batalha do capitalismo versus comunismo. A primeira foi a Guerra da Coreia, luta entre a Coreia do Norte, apoiada pela República Popular da China, e a Coreia do Sul, apoiada pelos Estados Unidos. A invasão da Coreia do Norte na do Sul levou à intervenção dos Estados Unidos. O general Douglas MacArthur liderou as tropas americanas, e do Canadá, Austrália, Grã-Bretanha e outros países em repelir a invasão do Norte. Contudo, a guerra chegou a um impasse depois que a intervenção chinesa empurrou as forças da ONU de volta, e um cessar-fogo terminou as hostilidades, deixando as duas Coreias divididas e tensas pelo resto do século.
A Guerra do Vietnã é provavelmente a segunda guerra mais visível do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Após a retirada francesa de sua antiga colônia, o Vietnã se partiu em duas metades, assim como a Coreia. Conflito entre Norte e Sul acabou por tornar-se uma guerra regional. Os Estados Unidos forneceram ajuda para o Vietnã do Sul, mas não foi diretamente envolvido até que a Resolução do Golfo de Tonkin, aprovada em reação a um suposto ataque norte-vietnamita aos destroyers norte-americanos, trouxe os EUA à guerra como beligerante.
A guerra foi inicialmente vista como uma batalha para conter o comunismo (ver Doutrina Truman e Teoria do Dominó), mas, conforme mais norte-americanos eram convocados e notícias de eventos como a Ofensiva do Tet e o massacre de My Lai vazaram, o sentimento norte-americano se voltou contra a guerra. O Presidente dos EUA Richard Nixon foi eleito em parte devido a uma promessa de um "plano secreto" para parar com a guerra.
Esta Doutrina Nixon envolveu uma retirada gradual de forças norte-americanas; Unidades sul-vietnamitas deveriam substituí-las, com a cobertura de poder aéreo norte-americana. Mas o plano não foi bem sucedido, e a guerra espalhou-se para o vizinho Cambodja enquanto forças sul-vietnamitas foram empurradas mais ainda. Com o tempo, os EUA e o Vietnã do Norte assinaram os Acordos de Paz de Paris, encerrando o envolvimento dos EUA na guerra. Sem a ameaça da retaliação dos EUA, o Norte continuou a violar o cessar-fogo e invadiu o Sul com força militar total. Saigon foi capturada em 30 de Abril de 1975, e o Vietnã foi unificado sob um governo comunista um ano mais tarde, efetivamente trazendo um final a uma das guerras mais impopulares de todos os tempos.
A Crise dos mísseis de Cuba ilustrou quão próximo de entrar em uma Guerra nuclear durante a Guerra Fria. Cuba, sob o governo socialista de Fidel Castro, firmou laços fortes com a União Soviética. Isto obviamente inquietou os Estados Unidos, devido a proximidade de Cuba. Quando o avião espião Lockheed U-2 voou sobre a ilha revelando que lançadores de misseis soviéticos estavam sendo instalado, o Presidente dos E.U.A. John instituiu um bloqueio naval e publicamente confrontou a União Soviética. Depois de uma semana tensa, a União Soviética voltou atrás e mandou removerem os lançadores, não querendo o risco de iniciar uma nova guerra mundial.

"Um salto gigante para a humanidade"

Com as tensões da Guerra Fria correndo soltas, a União Soviética e os Estados Unidos levaram sua rivalidade às estrelas em 1957 com o lançamento soviético da Sputnik. Uma "corrida espacial" entre as duas potências se seguiu. Apesar da URSS ter alcançado diversos feitos importantes, como a primeira nave na Lua (Luna 2) e o primeiro humano no espaço (Yuri Gagarin), os EUA acabaram alcançando a dianteira com seus programas Mercury, Gemini e Apollo, que culminaram no pouso tripulado da Apollo 11 na lua. Cinco outros pousos tripulados deram sequência (Apollo 13 foi forçado a abortar a missão). Em adição, ambos os países lançaram inúmeras sondas no espaço, como a Venera 7 e Voyager 2.
Nas décadas seguintes, o espaço tornou-se um lugar um tanto quanto mais amigável. Voos espaciais tornaram-se possíveis com o ônibus espacial norte-americano, que foi a primeira espaçonave reutilizável a ser usada com sucesso. A Mir e Skylab permitiram uma habitação humana prolongada no espaço. Nos anos 1990, o trabalho na Estação Espacial Internacional começou.

Aurora da Era da Informação

A criação do transistor revolucionou o desenvolvimento do computador. Os primeiros computadores, aparelhos eletromecânicos do tamanho de um quarto construídos para quebrar códigos criptográficos durante a II Guerra Mundial, se tornaram mais poderosos. Computadores tornaram-se reprogramáveis ao invés de aparelhos de um propósito fixo.
A invenção da linguagem de programação significava que os operadores de computador poderiam se concentrar em solução problemas em um alto nível, sem ter que pensar em termos de instruções individuais para o próprio computador.
A criação de sistemas operacionais também desenvolveu muito a produtividade da programação. Arquitetando nisso, os pioneiros do computador podiam agora perceber o que eles tiveram visão. A interface gráfica, pilotada por um mouse de computador tornou simples o aproveitamento do potencial do computador. O armazenamento para programas de computador progrediu de cartões perfurados e fita de papel a fita magnética, discos flexíveis e discos rígidos. Memória magnética e memória de bolha acabaram como memória de acesso aleatório (RAM).
A invenção do processador de texto, da folha de planilha e a database aprimoraram muito a produtividade sobre o antigo papel, máquina de escrever e gabinetes. A vantagem econômica dada às empresas levou a eficiencias economicas nos próprios computadores. CPUs mais econômicos levaram a centenas de empresas e designs caseiros de computadores; um computador caseiro estourou liderado pelo Aple II, o ZX80 e o Commodore PET.
IBM, pensando em que o futuro agora estava em computadores individuais ao invés de enormes terminais presos a um mainframe, desenvolveram seu IBM Personal Computer.Crucialmente, a IBM fez todas as especificações de seu computador abertas ao invés de privadas, com exceção da BIOS. Como o único impedimento para um sistema aberto com desenvolvedores interdisciplinares era a BIOS, foi realizada uma engenharia reversa pela Compaq, e o PC IBM se tornou o primeiro sistema de computadores completamente aberto, levando-o ao seu atual dominio do mercado. Aproveitando esta onde de popularidade, os vendedores do sistema operacional do PC (Microsoft) levantaram-se para ocupar o espaço de empresa de software mais poderosa do mundo.

Os anos 80 foram considerados a Era da Informação. A ascensão de aplicativos de computador e processamento de dados transformou "informação" etérea tão preciso como comodidades físicas. Isto trouxe o espectro de "Propriedade Intelectual", aonde pessoas e companhias lutariam pelo controle de simples fatos e ideias, motivados pela nova economia focada nestas coisas. O governo dos Estados Unidos fez algorítimos patenteáveis, formando a base de Patente de Software. A controvérsia disto e de Propriedade de Software levou Richard Stallman a criar a Fundação Software Livre, e começar o Projeto GNU.
Computadores também viraram uma plataforma de entretenimento. Jogos de Computador foram desenvolvidos por programadores de software exercitando sua criatividade em grandes sistemas em universidades, mas estes esforços só foram comercialmente vitoriosos com jogos de arcade como "PONG" e "Space Invaders". Uma vez que o mercado de computadores pessoais estava estabilizado, jovens programadores em seus quartos criaram a essência da indústria de jogos para jovens. Para conseguir vantagem em tecnologia avançada, jogos de console foram criados. Como sistemas de arcade, estas máquinas tinha hardware especializado desenhado para operações de jogos (como sprites e movimento paralaxe) ao invés de tarefas de computadores comuns.
Redes de computador apareceram em dois grandes estilos; a LAN (Local Area Network), linkando computadores em um escritório ou escola entre eles, e a WAN (Wide Area Network), linkando as LANs e unindo-as. Inicialmente, computadores dependiam de redes de telefone para se linkarem, fazendo surgir a sub-cultura dos Bulletin Boards. Entretanto, um projeto DARPA para criar redes de computadores a prova de bomba levaram a criação da Internet, uma rede de redes. A base desta rede era o robusto protocolo de rede TCP/IP. Graças aos esforços de Al Gore, a internet cresceu além de seu papel militar quando universidades e empresas comerciais ganharam permissão para conectar suas redes a ela.
O maior ímpeto foi o correio eletrônico, uma forma muito mais rápida e conveniente de comunicação do que a carta convencional e a distribuição de memorandos. Entretanto, a internet continuou um "segredo bem guardado" para o público geral, que estavam acostumados com Bulletin Boards e serviços como Compuserve e America Online. Isto mudou quando Tim Berners-Lee desenvolveu uma forma mais simples do Hipertexto de Vannevar Bush, que criou a World Wide Web. a "teia" subitamente transformou a Internet numa imprensa além das barreiras geográficas de países físicos; foi chamado cyberespaço. Qualquer um com um computador e conexão com a Internet poderiam fazer páginas em simples formato HTML e publicar suas idéias ao mundo.
O imenso sucesso da rede também deu combustível ao comércio pela internet. Compras em casa sempre foram um elemento de "visões do futuro" desde o desenvolvimento do telefone, mas agora a raça estava pronta para prover consumismo conveniente e interativo. Companhias “de troca entre websites ficaram conhecidas como “Ponto Com” devido ao sufixo “.com" de Endereço de internet Comercial.

Pergaminho do Mestre

 Olá, Aventureiro! Se está aqui, decifrou o pergaminho.  Agora deve ir ao Mestre do Jogo e perguntar onde você e seu grupo devem encontrar a...