sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Capítulo 2





Capítulo 2

               “E agora?”
               Já com o estômago azedo de tanto café, esboço pronto e com mil idéias fervilhando em sua cabeça. Olha para a agenda cheia de anotações, setas, quadrados com temas, idéias e tenta imaginar se no fim de tudo, o caminho escolhido seria o ideal. Seria melhor escrever uma realidade paralela onde Hitler estava vivo na Argentina e planejava junto com neonazistas, uma retomada de poder na América Latina? Ou se firmar na realidade e fazer uma reportagem? Mas os pesquisadores citados no documentário já haviam feito isso.
           “Dá próxima vez vou desenhar um mapa, criar um mundo fantástico com elfos e dragões. Ou criar um elemento natural que dá poder para a raça ou povo que o detém em suas terras. Assim acho que fica mais fácil me desvencilhar de todos os problemas com a imensurável pesquisa que vou ter que fazer para não vacilar no livro.”
             “E agora? Bom, agora vou escrever tudo que vier a mente e no fim separo o que presta do que não presta. Dan Brown escreveu o mesmo livro sempre: Pano de fundo real; tensão sexual reprimida entre o homem e a mulher envolvidos na estória; evento que poderia abalar todo o tecido da realidade estabelecido pela mídia, religião e política. Personagem comum que poderia ser qualquer um de nós. Nesses aspectos penso que a ‘tensão sexual’ é o ponto mais importante. Mesmo a estória sendo um lixo, em nosso inconsciente torcemos tanto para que o cara dê um beijo na moça que devoramos o livro sem notar o óbvio da coisa toda. Bom mesmo é o James Bond, que transa com todas, bebe Martini,dirige só carrão e ainda é inglês.Mais chique impossível. ”
              Ufa!Ele descobriu que personagem carismático era importante. Descobriu a roda. Narrador na torcida?Novidade.
             “Caramba! Dan Brown como referência? Melhor ler mais Chuck Palahniuk, Tolkien, T.H.White. Senão, para me inspirar vou colocar um cd do Wando e depois do Richard Clayderman. O problema dos escritores ingleses como referência(Tolkien e White), seria no fim de todo o processo,  eu tentar ser ou me tornar um genérico de J. K. Rowling. Igual ao Rick Riordan. Que maldade. Chega de referências.”

            “O tijolo do título pode ser meu ponto de partida. Porque no sentido de peça utilizada em construção ou parte da construção de um muro ou parede, posso considerar que a estratégia dos nazis era pavimentar ou construir a invasão da América Latina pela via menos sangrenta. A via Intelectual e ideológica. Seria muito custoso e até impossível copiar a Invasão da Normandia. Não sou militar nem servi nenhuma força militar. Mas parece claro que subir com tropas e tanques a Serra do Mar no estado de São Paulo é complicado. Essa barreira natural seria uma boa defesa. Invadir pelo nordeste? Só se deslocasse o Rommel para o Maranhão e junto com ele o Afrika Corps. Imagina? Fácil. Alguns navios com tanques e pronto. E tem mais: Atravessar o Atlântico? E o apoio aéreo? Agora complicou de vez. Não pularam nem o Canal da Mancha. Acho que o lógico seria fazer o que fizeram na Alemanha antes da Guerra. Propaganda e política.”
          “Nesse caso, tenho que aumentar minha pesquisa. Receita de bolo pronta. Agora é juntar os ingredientes.”
         Foi dormir.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Capítulo 01



Capítulo 01

               Leandro volta para casa com a cabeça latejando de idéias e possibilidades.
                Preciso sair dessa espiral eterna de trabalho chato, responsabilidades e tédio que minha vida me proporciona.
                Acende as luzes da sala, liga a TV, olha para o notebook fechado sobre a mesa de centro, a estante cheia de livros. Deita no sofá e lembra o pensamento que há dias o perseguia.
               E se a História tivesse mais detalhes, mais caminhos e o cenário fosse outro?
                Essa sensação de que há algo mais.
                Deve ser parte da natureza humana essa busca do ‘Santo Graal’ ou sei lá... Um refúgio para que a realidade de ser poeira cósmica não nos afunde mais na chatice do ciclo Come-Dorme-Trabalha.”
                Crises existenciais de lado. Vamos voltar ao devaneio conspiracional. Por que o tecido da realidade tem que ser tão sólido?Quase mais forte que Adamantium?Por que a verdade tem que ser tão impossível?
              E se?”
               Pode ser uma pergunta desafiadora. Por que negá-la? Por isso negá-la?
                Respira fundo, cria coragem, abre o notebook torcendo para que a idéia não se perca e procura os arquivos que motivaram a conversa no bar: Uma tese de doutorado sobre o assunto onde o documentário se baseia e o próprio vídeo do documentário. Os encontra. Pronto!Estava embasado historicamente. Começa abrindo um arquivo novo no Word e deixando rolar o vídeo, passa os olhos pelo arquivo pdf aberto, tentando começar a escrever. Mas em sua idealização adolescente, deveria ser “colocar uma folha em branco na máquina.” E como sempre, pensa em como começar a escrever. Qual a melhor frase ou cena ou palavra...
               Por que não encontro um manuscrito de um ex-presidente revelando tudo sobre os segredos do governo ou documentos secretos de uma experiência realizada pelas forças armadas. Ou simplesmente, sou um gênio e crio um mundo fantástico onde há muito tempo atrás em um lugar muito, muito distante aconteceu uma estória.”
              Era jornalista, mas não exercia a profissão. Pensava em ser escritor. Mas a cobrança de fazer sua obra-prima já no primeiro trabalho sempre adiava seus planos e criava um círculo vicioso de subsistência profissional onde sobrevivia corrigindo Trabalhos de Conclusão de Curso ou escrevendo críticas de cinema para sites voltados ao entretenimento.
               Quer saber? Dane-se! Dane-se a fórmula, a narração, o narrador, a narrativa, a separação entre o que é minha escrita ou a fala do narrador ou do personagem ou do alter-ego do psicopata, adestrado estereotipado que vou criar. Preciso apenas aprender a contar a estória. Ou deixa - lá contar-se por si própria. Quero romper com a necessidade de me adequar ao intelecto do mercado. Que ninguém leia ou compre o livro. Que ninguém goste ou odeie. A indiferença pode significar mais que a unanimidade. Não penso que o que acontece em minha mente possa ser de algum proveito para os outros. Então para que me preocupar? Vou exteriorizar o que há em mim. Dane-se”
             Uma hora depois... Apenas olhando para a tela. Desiste:
             “Melhor pensar em uma estrutura narrativa...”
              Releu as regras de narratologia. E pensou se teria sido fácil para Dan Brown ter escrito o mesmo livro cinco vezes. Bom, por que sempre trava nessa hora?A escolha é um ato que deveria ser mais trivial. Tantas palavras para começar e ele não sabe qual escolher. Será que com a estrutura narrativa definida ficaria menos nebuloso o caminho?Após anotar em uma agenda o que era para ser seguido enquanto fio narrativo. Leandro pensava se era mais interessante seguir três atos ou deixar a trama longa e contar vários eixos não lineares de personagens que ao decorrer vão aparecendo. Descrever de forma detalhista e neurótica o cenário físico e psicológico ou apenas ser testemunha dos eventos.
              “João leu o livro. Gostou. Devolveu-o a estante e foi embora da biblioteca.”
              Isso resume bem um modo narrativo em três atos. Tem até quatro.”
               Rindo de si mesmo, resolve que a estrutura narrativa seria épica. Teria um cenário histórico, geográfico e temporal definido e se valeria de eventos reais acompanhados de fictícios. E os personagens?Outro tópico interessante. A estória se sustenta sem personagem ou personagens?Existe alguma coisa assim na literatura?O evento pode ser maior que os personagens?Um atentado terrorista ou uma guerra ou o Holocausto pode ser maior que apenas um homem ou mulher que passou pelo evento?Penso como narrador que a testemunha do evento deixa de ser influente na história quando o choque causado pelo evento provoca na testemunha um horror, êxtase, torpor maior que a emoção de quem está participando do evento. Nesse momento, a empatia ou o sentimento de alivio por ter se livrado da tragédia-comédia passa a ser o que define a importância da personagem.
             “Malditas aulas de filosofia.”
             Enfim começa a escrever (será?).
             “Era uma vez um cara que queria ser escritor, mas não conseguia escrever uma linha. Decidido a começar, ele encontra uma foto que sugere um monte de possibilidades. Um tijolo com a suástica. De onde seria? Para que foi usado? Quem o fez? Era real? Quais as intenções da fabricação e da utilização? Acho que agora tenho um ponto de partida.”         
              ’O Tijolo Nazista’.
              “Título provisório.”
               Na agenda escreve:
             - Referências são realmente necessárias? (Não sei, mas já pensei em várias);”
            “ - Porque tem que estabelecer tudo na estória?”
             “- É necessário em quatro minutos de filme/livro, você já entender toda a estória?”
              “- O personagem lembra que não tem manuscritos (Operação Cavalo de Tróia, O Nome da Rosa), nem criou um mundo mágico medieval ou em outra dimensão (Harry Potter, George Martin, Tolkien); e baseado em Dan Brown na seguinte descrição de um blog: ‘Como escrever como Dan Brown e vender milhões’; Cenário real, fatos históricos e ficção.”
            - “Narratologia.”
            Olho no papel, olho na tela. Escreve mais tópicos:
           - “Premissa”;
           - ”Esquema”;
           - ”Sinopse.”
          Levanta para fazer um café. A noite vai ser longa.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Trechos do meu pretenso livro.



Prólogo

                  Sentados à mesa de um bar, discutiam realidades alternativas, conspirações, futebol e mulheres. A fumaça de cigarros nunca era uma variável, só a temperatura das bebidas. Também se verificava na discussão, que garçonetes gostosas só existem em um universo paralelo adolescente nerd ou em séries de TV. Gosto dessas conversas regadas a bebida por sempre a verdade aparecer nas opiniões. Aonde o tema conspiração chegaria?Não tem mais apelo falar do Homem não ter ido à lua. Ou se há chupas-cabras, Nessies, Sasquatchs, aliens, etc. O nível alcoólico tinha passado já do aceitável e como sempre alguém solta:
                  --E se a Alemanha ganhasse a guerra?
                  Com aquela cara de medo do sobrenatural - De imediato alguém responde.
                  -- Assuntinho batido, hein?Já tem um filme sobre isso. Dos anos noventa acho.
                   --Sério, vi um documentário sobre a influência Nazista na América do Sul. Impressionante... - Deixa um ponto de interrogação um bom tempo. E se?Mas hipótese assim tem muitas opções...

Pergaminho do Mestre

 Olá, Aventureiro! Se está aqui, decifrou o pergaminho.  Agora deve ir ao Mestre do Jogo e perguntar onde você e seu grupo devem encontrar a...