Capítulo
3
Depois de uma pesquisa rápida
na internet. Resolve comprar alguns livros. Ficção, não-ficção, tudo que
encontrou sobre o assunto. Notou que o universo da matéria era vasto e um pouco
sensacionalista. E acho estranho não haver muito material a respeito tratando
do assunto do ponto de vista latino-americano. Tanto o que diz respeito ao
posicionamento dos governos quanto à opinião da população. Nesse aspecto pensa
em pesquisar o contexto histórico e social da época. Como era o Brasil das
décadas de vinte, trinta e quarenta? Quem eram os formadores de opinião? Qual a
mídia mais forte no âmbito popular? Rádio ou jornais e revistas? Posição do
governo? Como o Brasil era visto estrategicamente pelas nações em guerra?
“Vou aproveitar o fim de semana
para pesquisar.”
Voltava para casa, feliz e
cheio de livros.
“Era importante ter um
embasamento histórico.”
”A ambientação/embasamento
histórico parece nos oferecer certo conforto na leitura.”
“Acho que por isso tem um mapa
no começo dos livros do Tolkien e do Martin. A necessidade de localizar tudo.
Será que a estória simplesmente não pode acontecer em qualquer lugar? Cabe
agora a definição de Cenário em Narratologia: Realista, Geoficcção e
Fantástico. Meu Cenário é realista. Facilita algumas coisas, mas me prende a
outras. Terminando esse livro, talvez crie um mundo só meu. Em um Cenário
Fantástico. Fico livre de regras e crio minhas próprias.”
“Revisitando o universo de meus
sonhos. Título do próximo.”
Em casa, abre a agenda e tenta
criar um esquema para que os rabiscos da noite anterior tenham sentido e ajudem
mais que atrapalhem.
“Isaac Asimov crio as três leis
da Robótica. Chuck Palahniuk criou as regras do Clube da Luta. Preciso das
minhas.”
E enumera tudo, com um nome
curioso:
“Lista para evitar que minha
neurose atrapalhe o trabalho.”
“- 1° Escrever todo dia;
- 2° Escrever todo dia mesmo;
- 3° Nunca escrever bêbado;
- 4° Qualquer lixo pode servir;
- 5° Você não é Machado de
Assis, nem Drummond, nem José Simão;
- 6° Desencana e escreve.”
“Será que sou bipolar? Ou
tetrapolar?”
“Agora tenho que pensar em como
definir o que vou fazer.”
“Pontuando as prioridades. Devo
me preocupar em localizar o leitor no contexto social, geográfico, histórico e
político. Fazer a leitura fluir sem parecer um trabalho de quinta série ou uma
extensa tese de doutorado. É um romance histórico. Tem que ser divertido. Tem
que ter alívio cômico. Eu sou o alívio cômico? Ou minhas neuras?”
E faz outra lista.
“Perguntas a serem respondidas no trabalho ou Lista das regras para o
livro não virar sessão de terapia.”
“- Definir onde, quando, como e
por que;
- Personagens? “
“Meu Deus, de novo esse dilema do
personagem...”
“- O tijolo.”
“Que mais?”
“- Promover o livro na net?
- Testar os capítulos?
- Fazer um blog?
- Bruna Surfistinha, não!”