sexta-feira, 5 de junho de 2020

Produção de Texto Aula 23 Interjeição

Interjeição

É a palavra invariável que exprime emoções, sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elaboradas. Observe o exemplo:

Droga! Preste atenção quando eu estou falando!

No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga!

Ele poderia ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou simplesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!

As sentenças da língua costumam se organizar de forma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por outro lado, são uma espécie de "palavra-frase", ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentença. Veja os exemplos:

  1. Bravo! Bis!

        bravo e bis: interjeição

        sentença (sugestão): "Foi muito bom! Repitam!"

  1. Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé...

        ai: interjeição

        sentença (sugestão): "Isso está doendo!" ou "Estou com dor!"

        A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um contexto específico. Exemplos:

  1. Ah, como eu queria voltar a ser criança!

        ah: expressão de um estado emotivo = interjeição

  1. Hum! Esse pudim estava maravilhoso!

        hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição

        O significado das interjeições está vinculado à maneira como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação. Exemplos:

  1. Psiu!

contexto: alguém pronunciando essa expressão na rua

significado da interjeição (sugestão): "Estou te chamando! Ei, espere!"

  1. Psiu!

contexto: alguém pronunciando essa expressão em um hospital

significado da interjeição (sugestão): "Por favor, faça silêncio!"

  1. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!

puxa: interjeição

tom da fala: euforia

  1. Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!

puxa: interjeição

tom da fala: decepção

As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:

a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, tristeza, dor, etc. Por exemplo:

- Você faz o que no Brasil?
-Eu? Eu negocio com madeiras.
-Ah, deve ser muito interessante.

b) Sintetizar uma frase apelativa. Por exemplo:

Cuidado! Saia da minha frente.

As interjeições podem ser formadas por:

a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô

b) palavras: Oba!, Olá!, Claro!

c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora bolas!

A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:

Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)

 

Classificação das Interjeições

Comumente, as interjeições expressam sentido de:

Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, Atenção!, Olha!, Alerta!

Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!

Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!

Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!

Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!, Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!

Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!

Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!

Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!

Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!

Desculpa: Perdão!

Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, Eh!

Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!, Ora!

Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz!

Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!

Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!

Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Deus!

Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!

Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!

Saiba que:

   As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que não se trata de um processo natural dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.

 

 

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Produção de Texto Aula 22 Adjetivo

Adjetivo

Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se "encaixa" diretamente ao lado de um substantivo.

Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos que além de expressar uma qualidade, ela pode ser "encaixada diretamente" ao lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa bondosa.

Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portanto, não é adjetivo, mas substantivo.

Morfossintaxe do Adjetivo:

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas relativas aos substantivos, atuando como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

Classificação do Adjetivo

Explicativo: exprime qualidade própria do ser.

Por exemplo: neve fria.

Restritivo: exprime qualidade que não é própria do ser.

Por exemplo: fruta madura.

Formação do Adjetivo

Quanto à formação, o adjetivo pode ser:

Adjetivo simples: Formado por um só radical.

Por exemplo: brasileiro, escuro, magro, cômico.

Adjetivo composto: Formado por mais de um radical.

Por exemplo: luso-brasileiro, castanho-escuro, amarelo-canário.

Adjetivo primitivo: É aquele que dá origem a outros adjetivos.

Por exemplo: belo, bom, feliz,  puro.

Adjetivo derivado: É aquele que deriva de substantivos, verbos ou até mesmo de outro adjetivo.

Por exemplo: belíssimo, bondoso, magrelo.

Adjetivo Pátrio

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.

Observe alguns deles.

Estados e cidades do Brasil:

Acre

acreano

Alagoas

alagoano

Amapá

amapaense

Aracaju

aracajuano ou aracajuense

Amazonas

amazonense ou baré

Belém (PA)

belenense

Belo Horizonte

belo-horizontino

Boa Vista

boa-vistense

Brasília

brasiliense

Cabo Frio

cabo-friense

Campinas

campineiro ou campinense

Curitiba

curitibano

Estados Unidos

estadunidense, norte-americano ou ianque

El Salvador

salvadorenho

Guatemala

guatemalteco

Índia

indiano ou hindu (os que professam o hinduísmo)

Irã

iraniano

Israel

israelense ou israelita

Moçambique

moçambicano

Mongólia

mongol ou mongólico

Panamá

panamenho

Porto Rico

porto-riquenho

Somália

somali

 

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Observe alguns exemplos:

África

afro- / Por exemplo: Cultura afro-americana

Alemanha

germano- ou teuto- / Por exemplo: Competições teuto-inglesas

América

américo- / Por exemplo: Companhia américo-africana

Ásia

ásio- / Por exemplo: Encontros ásio-europeus

Áustria

austro- / Por exemplo: Peças austro-búlgaras

Bélgica

belgo- / Por exemplo: Acampamentos belgo-franceses

China

sino- / Por exemplo: Acordos sino-japoneses

Espanha

hispano- / Por exemplo: Mercado hispano-português

Europa

euro- / Por exemplo: Negociações euro-americanas

França

franco- ou galo- / Por exemplo: Reuniões franco-italianas

Grécia

greco- / Por exemplo: Filmes greco-romanos

Índia

indo- / Por exemplo: Guerras indo-paquistanesas

Inglaterra

anglo- / Por exemplo: Letras anglo-portuguesas

Itália

ítalo- / Por exemplo: Sociedade ítalo-portuguesa

Japão

nipo- / Por exemplo: Associações nipo-brasileiras

Portugal

luso- / Por exemplo: Acordos luso-brasileiros

 

 

Produção de Texto Aula 21 Numeral

Numeral

É a palavra que indica os seres em termos numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa em determinada sequência.

Exemplos:

  1. Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.

[quatro: numeral = atributo numérico de "ingresso"]

  1. Eu quero café duplo, e você?

...[duplo: numeral = atributo numérico de "café"]

  1. A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!

...[primeira: numeral = situa o ser "pessoa" na sequência de "fila"]

Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os números indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão é colocada em números (1, , 1/3, etc.) não se trata de numerais, mas sim de algarismos.

Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras consideradas numerais porque denotam quantidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena.

Classificação dos Numerais

Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico. Por exemplo: um, dois, cem mil, etc.

Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada. Por exemplo: primeiro, segundo, centésimo, etc.

Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão dos seres. Por exemplo: meio, terço, dois quintos, etc.

Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada. Por exemplo: dobro, triplo, quíntuplo, etc.

Coletivos: se referem ao conjunto de algo, indicando o número exato de seres que compõem esse conjunto. Por exemplo: dezena, dúzia, milheiro, etc.

Leitura dos Numerais

Separando os números em centenas, de trás para frente, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção e. Por exemplo:

1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte e seis.
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.

Flexão dos numerais

Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc.

Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, etc. variam em número: milhões, bilhões, trilhões, etc. Os demais cardinais são invariáveis.

Os numerais ordinais variam em gênero e número:

primeiro

segundo

milésimo

primeira

segunda

milésima

primeiros

segundos

milésimos

primeiras

segundas

milésimas

Numerais multiplicativos

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas. Por exemplo:

Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção.

Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número. Por exemplo:

Teve de tomar doses triplas do medicamento.

Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe:

um terço/dois terços
uma terça parte
duas terças partes

Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja:

uma dúzia
um milheiro
duas dúzias
dois milheiros

É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É o que ocorre em frases como:

Me empresta duzentinho...

É artigo de primeiríssima qualidade!

O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego dos Numerais

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:

Ordinais Cardinais

João Paulo II (segundo)
D. Pedro II (segundo)
Ato II (segundo)
Século VIII (oitavo)
Canto IX (nono)
Tomo XV (quinze)
Luís XVI (dezesseis)
Capítulo XX (vinte)
Século XX (vinte)
João XXIII (vinte e três)

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:

Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)

Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas são considerados numerais. Significam "um e outro", "os dois" (ou "uma e outra", "as duas") e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Por exemplo:

Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades comunitárias de seu bairro.

Obs.: a forma "ambos os dois" é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

 

terça-feira, 2 de junho de 2020

Produção de Texto Aula 20

Oi, pessoal!

Ultimamente tenho estudado bastante, estou lendo muita coisa interessante. Sempre pensando em vocês. Tem uma grande quantidade de livros, quadrinhos, revistas aqui em casa. Esse ano tinha planejado fazer aquele rodízio de HQs, mas a pandemia atrapalhou.

Voltando faremos. Se Deus quiser.

Por enquanto, vamos escrevendo.

vou escrever aqui mais um pouco da história dos magos escondidos. Minha versão da história.



A Aldeia dos Magos Escondidos

 

     Em um tempo antigo que não foi registrado em livros de história, houve uma guerra. Orcs, Humanos e Elfos lutavam entre si, alguns nem se lembravam da razão. Para poucos sábios magos humanos, aqueles que viveram o início da guerra, o motivo era vergonhoso.

Eles sabiam que a Vaidade e a Inveja dos Homens provocou a Guerra das Três Raças.

     Os Homens se achavam mais belos e inteligentes que os fortes e poderosos Orcs; invejavam o Poder Mágico e a Beleza pura e celestial dos Elfos. E se viam ameaçados.

     A única maneira de vencer os Orcs seria dominar as técnicas de Guerra, o combate direto era impossível, a força bruta dos Orcs era imensa. Então, deveriam aprender a fabricar e usar armas, forjar armaduras, afiar as lâminas das espadas. Por outro lado, vencer os elfos era também difícil. Como sobrepujar a magia com espadas? Como derrotar Elfos arqueiros com suas Flechas Flamejantes, Congelantes e que nunca erravam o alvo? Apenas aprendendo Magia a luta seria justa.

     Assim, Homens nefastos e sem remorsos, aprenderam a construir armas, escudos, imbuir pedras mágicas nas armaduras, envenenaram flechas, espadas, adagas. Encontraram livros de magia, aprenderam feitiços brancos e negros. Aprenderam técnicas de batalhas. Eles se prepararam para a Ofensiva em duas frentes. Atacariam Elfos e Orcs ao mesmo tempo.

    Enfim, a Guerra acabou! Entre os mortos, milhares de Humanos, Orcs e Elfos. Não há vencedores em qualquer guerra. Só perdas, e muitas...    Um Conselho foi reunido, com os líderes de cada raça, e decidiram unanimemente proibir a magia dos humanos, pois eles usaram-na de forma errada. Entretanto, a Magia não escolhe quem a usa; e, ao longo das batalhas, estudiosos descobriram que poucos humanos eram sensitivos à magia e podiam canalizá-la sem as palavras usadas para invocá-la. Estes magos de nascença foram mortos um a um. Matança que obrigou os poucos sobreviventes a fugir, a se esconder. Fingir que eram pessoas sem esse dom, que para alguns era uma maldição. Cada um desenvolvia um tipo de poder. Todos extremamente fortes em suas habilidades, mas se não treinadas e sem estudar os modos corretos de desenvolvê-las, ficavam inertes, adormecidas.

    E a vida seguiu...

    Aos poucos as histórias foram sendo esquecidas, memórias antigas acabam distorcidas, misturadas às invenções, lendas, mitos. Mas uma coisa nunca mudou: a Magia era proibida. Nem sabiam mais o motivo da proibição.

    Entretanto não havia como impedir que crianças continuassem a nascer. E entre elas, nasciam aquelas que tinham a força em si. Quando o poder mágico despertava, eram escondidas, separadas de seus familiares, levadas para lugares onde os caçadores de magos não poderiam chegar. Eram treinadas para fingir, esconder e nunca usar seus dons. Sempre que eram levadas para longe, para lugares onde ninguém poderia encontrá-las, havia um mentor, um mago antigo oculto, vivendo junto aos habitantes do lugarejo, para acolher e treinar as crianças nessa arte de dissimulação, de camuflagem.

    Existia uma aldeia. Muito distante.

    Essa aldeia era um porto seguro para magos por ela atraídos. Sim. Ir ao lugar não era uma escolha consciente. Era um chamado. Ao chegarem próximos, uma sensação de segurança e paz tomava aqueles que antes eram perseguidos. E assim se estabeleciam. Sempre em disfarces. Ao criar raízes no lugar, um se tornava o ferreiro, outro o padeiro, muitos arrendavam terras para plantar. Sempre escolhiam atividades onde força bruta era essencial ou que não necessitasse de amplos conhecimentos. Estudo e saber também eram ligados à magia. Parece-me que conhecimento em todas as eras é considerado perigoso. Então, dessa forma, tornavam-se úteis às pessoas do vilarejo e espantavam suspeitas com demonstrações de saberes passíveis de despertarem olhares e pensamentos curiosos.

    Após a vida se nivelar a uma linearidade tal um lago onde a água não é acarinhada pelo vento. A paz primordial que sentiam transformava-se em novo chamado. Claro que os magos reconheciam outros magos. A magia era sentida. Mas faziam de tudo para anular essa força. Tentavam a todo custo serem invisíveis. Mas eles sabiam quem era quem. De todo modo era inevitável, assim desenvolveram códigos de comunicação. Em um futuro ataque poderiam ter que unir forças para defesa.

    E a vida seguia.

    Um dia um forasteiro apareceu.

    Nesses momentos, quando há um evento novo que altera o cotidiano, o curso da vida prende a respiração.

    No instante que ele surgiu, não houve apreensões ou perguntas sobre seu passado ou interesses, mas quando ele começou a fazer perguntas, um alerta de perigo tomou conta de alguns mais desconfiados.

    O Forasteiro não era diferente de alguns viajantes que cruzavam as estradas que rasgavam o vilarejo. Era o típico peregrino que buscava trabalho em outras paragens ou estava apenas de passagem em busca de outros destinos. Normalmente esses tipos ficavam um dia ou dois na estalagem que beirava a estrada principal e logo seguiam seu rumo. Ali ninguém ficava. Não havia trabalho que sobrasse vagas ou destinos religiosos ou coisa que despertasse o interesse de ficar. Um lugar para dormir, comer e seguir seu rumo se resumia a isso; e ninguém que morava ali, realmente criava as condições para que um desconhecido quisesse ficar.

    Havia um interesse diferente nesse homem de fora.

    Ele fazia perguntas, olhava os moradores com curiosidade. Andava calmamente observando cada detalhe do lugar. Tentava ganhar a confiança dos moradores nativos ou oriundos de outros lugares como ele. Demonstrava uma vontade de estabelecer morada. Alguns não se incomodaram, ao contrário de um ferreiro.

    Esse ferreiro não era de se aproximar das pessoas em busca de amizade. Tentava depender o mínimo possível de qualquer ajuda de seus vizinhos. Ajudava, trabalhava, mas mantinha uma distância, era até um pouco frio. Prestativo, ao dispor de quem precisasse, mas sem grandes gestos de amizade, sorrisos, abraços, conversas.

   Quem observou a conversa que inesperadamente aconteceu se espantou. O ferreiro se aproximou do forasteiro e logo, sem tentar qualquer rodeio, disse:

-- Quem é você e o que quer aqui?

-- Sabe quem sou.

-- Não afirme nada. Não me interessa quem é. Seu lugar não é aqui.

-- Sabe que não oferece risco para ninguém. Que pode fazer um velho viajante em busca de morada e trabalho.

-- Não me venha com essa falácia. Sabe que os que vivem aqui querem paz.

-- Essa paz não será duradoura, meu amigo. Dê-me chance para conversar. Deixe que fale o que acontece nos sombrios corações dos homens belicosos. Não se omita. Quando a escuridão aportar aqui, não haverá muito tempo para aprontar uma defesa ou revide.

     Houve uma silenciosa troca de olhares, um media e lia a face do outro. Pareciam se comunicar mentalmente. Não era possível ver movimentos, gestos que pudessem ser lidos. A leitura era da alma de cada um através de seus olhos fixados, vidrados de cada um.

     Viraram-se e sem palavras pronunciadas foram cada qual para seu caminho. Quem assistiu ao embate de palavras, não entendeu nada. Talvez a menina que era filha da antiga dona do armazém onde os dois se encontraram. Talvez um ou outro que passava por ali naquele momento. Mas os dois não deram conta de nenhuma dessas possibilidades.

     A filha da dona do armazém, contou o que viu e ouviu para sua mãe assim que chegou à sua casa. Sua mãe não esboçou reação. Olhou a filha, para um lugar qualquer na direção da estante de livros e foi para a dispensa da casa. Retirou um objeto embrulhado em um pedaço de couro de serpente e após alguns segundos desfez o nó. A garota olhou por cima dos ombros da mãe para ver o que ela olhava tão quieta e concentrada. Uma varinha era o destino dos olhos de ambas. A mãe, ao perceber o olhar interessado da filha, falou quase solenemente:

-- Não imaginava que teria que voltar a usar isso, mas não temos mais opções. Pelo que me contou se essa conversa se provar verdadeira, é melhor estarmos preparadas.



Bom, até a próxima!!!

 

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Produção de Texto Aula 19 Pronome

Pronome

 

É uma classe gramatical variável, ou seja, flexiona-se em gênero e número. Ele tem a função de relacionar o substantivo a uma das três pessoas do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala), podendo ainda indicar a posse de um objeto ou sua localização. Quando substituem o substantivo, denominam-se pronome substantivo; quando o acompanham, pronome adjetivo.

Os pronomes classificam-se em: pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e relativos. Acompanhe a seguir as características de cada pronome:

1. Pronomes pessoais

Os pronomes pessoais indicam as pessoas gramaticais, também chamadas de pessoas do discurso (Eu, tu, ele, nós, vós, eles). Eles podem pertencer ao caso reto e ao caso oblíquo. Para cada pronome reto, há um correspondente no caso oblíquo. Veja a explicação!

Eu →Me, mim, comigo.

Tu → Te, ti, contigo.

Ele → Se, o, a, lhe, si, consigo.

Nós→ Nos, conosco.

Vós →Vos, convosco.

Eles →Se, os, as, lhes, si, consigo.

Os pronomes do caso reto exercem a função sintática de sujeito, enquanto os do caso oblíquo, de complemento. Por isso, construções como: “Você trouxe para mim comer?” ou “Isso é para mim fazer” são equivocadas, pois, nos dois exemplos, o pronome oblíquo está exercendo uma função que não lhe pertence, a de sujeito. Portanto, para os enunciados ficarem gramaticalmente corretos, devem ser construídos assim: “Você trouxe para eu comer?” e “Isso é para eu fazer”. Veja a seguir os pronomes retos e oblíquos exercendo suas funções gramaticais:

I. Lorenzo saiu de férias. Ele vai viajar. (pronome reto – função sujeito)

II. Alguém me chamou? (pronome oblíquo – função de complemento)

  • Atenção: Os pronomes substantivos exercem as mesmas funções sintáticas do substantivo, e os pronomes adjetivos, as mesmas do adjetivo. É importante atentar para esse detalhe!

2. Pronomes de tratamento

Os pronomes de tratamento indicam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores (parceiros na comunicação). Esses pronomes são divididos por grau de formalidade, portanto, para cada contexto, há um pronome de tratamento a ser utilizado. Embora indiquem interlocução (conversa), o que indicaria o uso da segunda pessoa do discurso (tu), com os pronomes de tratamento, os verbos devem ser usados na terceira pessoa. Veja os exemplos:

I. Vossa Excelência está atrasada para a sessão. (Ministra)

II. Vossa Alteza está muito elegante. (Princesa)

III. O senhor já sabe quando chegará o ofício? (Pessoas mais velhas ou a quem se deve respeito)

IV. Você não aprende mesmo! (Indica tratamento informal).

3. Pronome possessivo

Os pronomes possessivos estabelecem a ideia de posse entre o objeto e as três pessoas do discurso. Portanto:

1ª pessoa do discurso (eu) → meu, minha, meus, minhas.
2ª pessoa do discurso (tu) → teu, tua, teus, tuas.
3ª pessoa do discurso (ele) → seu, sua, seus, suas.

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1ª pessoa do discurso – plural (nós) → nosso, nossa, nossos, nossas.
2ª pessoa do discurso – plural (vós)→ vosso, vossa, vossos, vossas.
3ª pessoa do discurso – plural (eles) → seu, sua, seus, suas.

Veja os exemplos:

I. O carro é meu. (Objeto pertence à 1ª pessoa do discurso – eu)

II. Nossa casa é linda. (Objeto pertence à 1ª pessoa do discurso – nós)

III. Sua roupa está suja. (Objeto pertence à 3ª pessoa do discurso – ele? ela)

*O gênero e o número dos possessivos concordam com o objeto possuído.
Ex. João, sua camisa é linda.

*Os pronomes de tratamento utilizam os pronomes possessivos na 3ª pessoa.
Ex. Você deve encaminhar sua solicitação o mais rápido possível.

4. Pronome demonstrativo

Indica a localização dos seres em relação ao espaço e ao tempo. Também se relaciona às três pessoas do discurso, determinando a proximidade entre elas e o objeto. Flexiona-se em gênero e número.

1ª pessoa → este, esta, estes, estas, isto (Os seres ou objetos estão próximos da pessoa que fala).

2ª pessoa → esse, essa, esses, essas, isso (Os seres ou objetos estão próximos da pessoa com quem se fala).

3ª pessoa → aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo (Os seres estão longe tanto do emissor (quem fala) quanto do receptor (com quem se fala)).

Ex.:

Minha bolsa é aquela.
Esta é minha caneta.

Essa camisa está suja.

5. Pronome Indefinido

Os pronomes indefinidos são usados para demonstrar imprecisão ou indeterminação, por esse motivo, referem-se sempre à 3ª pessoa do discurso. Podem ser variáveis (sofrem modificações quanto ao gênero e ao número) ou invariáveis (não se flexionam). Quando acompanharem o substantivo, serão pronomes adjetivos, portanto, exercerão a função sintática própria do adjetivo. Quando substituírem o nome, serão, portanto, pronome substantivo, logo, exercerão as mesmas funções sintáticas do substantivo. Veja os exemplos:

Alguém me chamou? (pronome substantivo)
Muitas pessoas precisam de assistência. (pronome adjetivo)

Acompanhe a lista dos pronomes indefinidos:

Variáveis: algum, bastante, certo, muito, nenhum, outro, pouco, qualquer, tanto, todo, um, vários, quanto.

Invariáveis: cada, nada, ninguém, alguém, algo, outrem, tudo, quem, demais.

6. Pronomes relativos

Os pronomes relativos recebem esse nome porque se relacionam ao termo anterior e têm a função de substituí-lo. Eles são necessários para evitar a repetição desnecessária dos termos. Veja os exemplos:

Essa é a empresa que lhe falei.
A casa onde moro é linda.

Não conheço a pessoa a quem você entregou a carta.
Os pronomes relativos podem ser variáveis ou invariáveis. Veja:

Variáveis: o qual, cujo, quanto.

Invariáveis: que, quem, onde.

Então, galera!

Essa parte teórica é tão importante quanto nossa criação textual. Temos que conhecer as regras do jogo todo, desde a construção de narrativas quanto as regras gramaticais.

Até mais.

Pergaminho do Mestre

 Olá, Aventureiro! Se está aqui, decifrou o pergaminho.  Agora deve ir ao Mestre do Jogo e perguntar onde você e seu grupo devem encontrar a...